Setecidades Titulo Memória
Um correspondente. Na velha Estação. Ao que parece, um professor. Texto irônico, incisivo. Ele defendia como poucos o lugar.

Há tempos esta página procura descobrir quem é o personagem que enviava notícias ao Estadão

Ademir Medici
DoDiário do Grande ABC
10/05/2025 | 02:30
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Antigamente, os jornais não assinavam as matérias dos seus correspondentes. No começo do século XX, o repórter da Estação Rio Grande era o mais ativo da região, o que mais enviava notícias. 

Memória tem recorrido ao Estadão Acervo e feito anotações desde 1875, quando surgiu “A Província de São Paulo”. Então nos deparamos com este correspondente assíduo preocupado com os rumos da pequenina estação.

Segue-se a notícia com a qual o correspondente abriu o seu boletim de 3 de maio de 1905. E lá se vão 120 anos...

Os maus industriais.

E um elogio a Máximo Polach

Rio Grande, 3 (do correspondente).

Parece que em breve teremos certo desenvolvimento nesta localidade, cujo progresso paralisou desde a retirada do popular Máximo Polach.

Muitas têm sido as indústrias fundadas por aventureiros, especuladores do suor da classe proletária que aqui chegam com ares de grandes senhores e que afinal dá sempre em águas de barrela.

É de notar-se que um individuo que abre um serviço qualquer, contrata os seus operários e se passam meses e meses sem que lhes sejam pagos os vencimentos, a fim de serem obrigados a compras em seus estabelecimentos particulares as mercadorias de péssima qualidade, e preços elevadíssimos.

Os comerciantes, que estão cada dia mais sobrecarregados de impostos, cruzam os braços ante tanta ousadia de indivíduos com tão pouco escrúpulos.

Máximo Polach não só desenvolveu o movimento industrial como o comercial, distribuindo muito dinheiro e serviço, havendo sempre movimento na classe proletária.

Em cada operário contava Polach um amigo dedicado. Assim como ganhou fortuna fabulosa também deu a ganhar muito dinheiro aos necessitados.

Perto de Máximo Polach nunca estava operário desempregado! Era o homem do progresso, o pai da pobreza.

Hoje não aparecerá mais outro igual à sua têmpera; em todo caso não devemos desanimar. Vamos ver o que nos dirão os novos industriais que por aí andam assentando trilhos e desvios na “Inglesa”. O tempo nos dirá.

NOTAS DA MEMÓRIA

1 – No boletim de 3 de maio de 1905, o correspondente do Estadão não se refere ao Dia de Santa Cruz, que Rio Grande celebra até hoje.

2 – O termo “águas de barrela”, utilizado pelo correspondente, trata-se de uma metáfora referente à prática antiga de lavar roupas com uma mistura de água e cinzas.

3 – Gisela Leonor Saar cita Máximo Polach durante o III Ciclo de Palestras sobre os 100 anos do Grande ABC realizado em 1995 na Câmara Municipal de Rio Grande da Serra.

4 – Quando o correspondente fala no assentamento de trilhos, refere-se à visita feita a Rio Grande, naqueles dias, por William Speers. O superintendente da Estrada de Ferro São Paulo Railway estudava a construção de um ramal ferroviário que serviria a uma nova indústria que planejava abrir serraria nas matas locais, a Streef, com fábrica de cadeiras na Estação São Bernardo (Santo André).

Crédito da foto 1 – Projeto Memória (divulgação)

ERA UMA ESTAÇÃO. Foto clássica do velho Rio Grande de onde o correspondente do Estadão enviava notícias quase sempre recheadas de críticas: quem teria sido aquele correspondente?

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Quarta-feira, 10 de maio de 1995 – Edição 9009

MANCHETE – Greve de metrô leva caos a São Paulo. Aviso de atraso ao trabalho lotava orelhões.

ECONOMIA – Rhodia e Ford eliminavam o velho cartão de ponto Regime de corresponsabilidade e coletivismo passava a vigorar nas duas empresas.

SÃO BERNARDO – Volkswagen anunciava a construção de uma passarela sobre a Avenida Maria Servidei Demarchi em frente à sua portaria.

ARTE-JORNALISMO – Ilustradores do Diário davam vida ao Rá-Ti-Bum: programa da TV Cultura virava livro e ganhava traço de Fernandes e Girotto.

ESPORTES – Grande ABC virava a capital do handebol. Seis atletas da Metodista/São Bernardo integravam a Seleção Brasil no Mundial disputado na Islândia: Aberto, Jabá, China, Daniel, Miltinho e Helinho. Região tinha sete equipes da modalidade.

NAS ONDAS DO RÁDIO

Cururu.

Folclore paulista.

O ritmo resiste.

Com Parafuso, Nhô Serra...

...e outros abnegados.

Texto: Milton Parron

O Cururu é um ritmo musical e dança folclórica brasileira, especialmente popular no Estado de São Paulo, com raízes nas regiões do Médio Tietê.  

Caracteriza-se por ser uma manifestação caipira, desafio em trovas ao som de violas.    

Infelizmente, pouco a pouco o Cururu, que nasceu como canto religioso, está caindo no esquecimento porque já não é do gosto das novas gerações.  

Com alguma perseverança, os interessados conseguem descobrir onde ainda se reúnem os remanescentes dessa bonita manifestação cultural, porém, é preciso pesquisar em Piracicaba, Laranjal Paulista, Tietê, Cerquilho, Conchas, Itu, Jumirim e Capivari. Fora desse roteiro é tempo perdido.  

No programa Memória deste final de semana, entrevistas e muito Cururu com os mais famosos do gênero, Moacir Siqueira, Antonio Cândido (Parafuso), Pedro Chiquito, Sebastião da Silva (Nhô Serra) e Zico Moreira.

Memória - Produção e apresentação: Milton Parron. Rádio Bandeirantes em 86.3 e 90.9. Amanhã, às 7h; sexta-feira, às 23h. Disponível nas principais plataformas digitais, no Spotify e no Apple Podcast.

EM 10 DE MAIO DE...

1925 - Sírio Begliomini nascia em Pistoia, Itália, filho de Giuseppe e Marinela Begliomini. Migrou para o Brasil, constituiu família em Santo André, fez história em Taquaruçu, Mogi das Cruzes, no limite com Paranapiacaba e Ouro Fino Paulista.

1935 - Hugo Dusi, artista plástico e memorialista, nascia em São Bernardo. Colaborou, e muito, com esta página Memória.

1955 – Reaberto o Teatro Municipal de São Paulo, após uma reforma, com a ópera “La Traviata”, de Verdi.

Inaugurada, no domingo 8 (de maio de 1955), a Cidade Ocian, em Praia Grande.

A Portuguesa de Desportos firmava-se na liderança do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio-São Paulo) ao vencer o Fluminense, no Pacaembu, por 3 a 1. Brilhavam Juninho, Ipojucan e o goleiro Cabeção.

HOJE

Dia Internacional de atenção à pessoa com lúpus

Dia do Cozinheiro

Dia da Cavalaria

Dia do Guia de Turismo

MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Trinta e um municípios fazem aniversário em 10 de maio, a maioria do Estado do Pará, entre os quais Bom Jesus do Tocantins.

Hoje também é o aniversário de Itaperuna (RJ) e Maringá (PR).

Santo Antonino de Florença

10 de maio

(1389-1459). Dominicano. Arcebispo de Florença.

Ilustração: Fundação Dominican; igreja de Washington; foto: Lawrence Lew.




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