Doa'cão' de sangue

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Marcela Munhoz

A cada ano a cena se repete: bancos de sangue trabalhando no limite, bolsas vazias e pacientes angustiados. Desde fevereiro, o Grande ABC tem enfrentado baixa nos estoques, que dura de 10 a 12 dias, em média. Se a doação de sangue humano já é extremamente complicada, a dos pets é ainda mais complexa. A começar porque muita gente, simplesmente, nem imagina que isso é possível. Você sabia que seu cachorro e gato podem salvar outras vidas animais? Pois é!

Bianca Gouvea, 27, de Santo André, não tinha essa informação até que, durante um passeio pelo Golden Square Shopping, em São Bernardo, deu de cara com a van 'banco de sangue' fazendo campanha por lá. “Achei muito legal a chance de poder ajudar outros cachorros e também porque para doar é preciso fazer testes. Assim já sabemos o estado de saúde dela”, conta a 'mãe' de Mirella, uma golden retriever de 2 anos. “A partir de agora ela será doadora sempre. Pode ser que os meus um dia também precisem”, diz.

Segundo o médico veterinário Márcio Moreira, da Sanimvet (projeto que começou em 2017 e leva banco de sangue sobre rodas para vários locais, veja mais em www.sanimvet.com.br) conseguir doadores animais é ainda mais difícil do que os humanos porque existem muito mais pré-requisitos para credenciar um possível candidato. “O cachorro, por exemplo, precisa ter no mínimo 25 quilos, de 1 a 7 anos, ser vacinado e ter controle de pragas – pulgas e carrapatos – atualizado. Isso restringe muito”, explica. Além disso, o cão tem 13 tipos sanguíneos e é preciso fazer teste de compatibilidade.

Se tudo estiver certo, o doador passa por diferentes tipos de exames e sorologias de várias doenças. Tudo de graça. “Às vezes, o tutor acaba descobrindo algum problema que o pet não apresentava nenhum sintoma. Doar, portanto, também é importante jeito de saber se a saúde está em dia.” Geralmente, durante uma doação, é possível coletar 400 ml – cada cão pode oferecer 20 ml por quilo e ele “não sente nada”, enfatiza o especialista, que completa: “Recomenda-se que se doe a cada 60 dias. “Hoje é possível fracionar as bolsas de sangue, como acontece com humanos. A medicina veterinária também está avançada.” Moreira explica ainda que os animais que precisam de sangue, geralmente têm câncer, passam por cirurgia, apresentam doenças transmitidas por carrapato e mosquitos, como a perigosa leishmaniose. “Pensar também no pet do outro é realmente um ato de amor”, completa Bianca, a ‘mãe’ da Mirella. Ôh se é!

 




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