Intestino: segundo cérebro

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Alessandra Nunes

 
Você já deve ter ouvido a famosa frase dita pelos mais antigos, quando se referiam a uma pessoa de mau humor: “Fulano está enfezado!”. Essa é uma verdade, e o que acontece com o nosso humor tem tudo a ver com nosso intestino. Ele tem papel fundamental nos funcionamentos mental e emocional, enviando informações diretamente para o cérebro e influenciando os sentimentos de estresse, ansiedade e tristeza, bem como memória, tomada de decisões e aprendizado. O intestino determina até mesmo, em grande parte, nossas preferências alimentares. Como isso acontece?
O órgão é composto por muitos neurônios, células responsáveis por levar impulsos nervosos para o cérebro. No intestino são produzidos mais de 30 neurotransmissores, entre eles a serotonina (responsável pela sensação de bem-estar). Algumas pesquisas sugerem que, praticamente, 90% de toda serotonina é produzida e armazenada no intestino. Quando a produção da substância está adequada, parece que tudo na nossa vida funciona melhor.
 
É comum que pessoas que sofram de depressão, síndrome do pânico, enxaqueca, ansiedade apresentem problemas no intestino, como obstipação, síndrome do intestino irritável, colite e diversos outros quadros que comprometem todo o trato digestório.A ciência ainda tem muito a aprender sob a forma com que os neurônios intestinais agem sobre o cérebro, porém, já está mais do que provado que o intestino realmente pode mandar nele. E se você já passou pela sensação de ter dor de barriga porque ficou ansioso ou levou um susto, sabe do que estamos falando.
 
Com o processo de industrialização dos alimentos, precisamos olhar para a conexão intestino-cérebro com uma visão bem crítica. Indivíduos que se alimentam mal, à base de produtos industrializados, refinados, pobres em fibras, com excesso de corantes e conservantes estão prejudicando a saúde do intestino e a absorção de nutrientes importantes. Pesquisas mostram que a memória, a atenção, o cognitivo e a concentração também sofrem com a alimentação inadequada.
Um dos principais prejuízos causados devido à escolha erradas dos alimentos é o comprometimento da microbiota. No nosso intestino há cerca de 100 trilhões de bactérias que auxiliam a digerir alimentos e protegem o organismo contra infecções. Dá para imaginar que, uma vez que a microbiota esteja alterada, temos porta aberta para diversas infecções oportunistas.
 
Por questões hormonais, as mulheres estão mais sujeitas a alterações no intestino do que os homens. Assim, é comum relatos de desconforto abdominal, gases, inchaço no ventre e associam esses quadros com alteração de humor. Em geral, no período pré-menstrual o desconforto piora.

Levando em conta a premissa que nossa saúde mental depende em grande parte de nossa saúde intestinal, proteger a flora é a alternativa mais saudável a ser adotada. Uma alimentação rica em probióticos, presentes em alguns alimentos lácteos, e prebióticos, como as fibras solúveis, que ajudam a manter a integridade da flora, pode ser o início para uma vida mais saudável. 




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