O start foi dado

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Vinícius Castelli

 Local que já foi polo da produção cinematográfica nacional, com filmes como Nadando em Dinheiro (1952) e O Cangaceiro (1953), o Complexo Vera Cruz volta a fomentar o mercado artístico. As novidades foram anunciadas ontem pela Prefeitura de São Bernardo, que retomou o espaço em abril, após a empresa Telem S.A., que tinha concessão, ter – segundo o Paço – quebrado o acordo e não cumprido as contrapartidas.

Foi fechada parceria com a Endemol Shine Brasil, responsável por projetos com as atrações televisivas MasterChef e Dancing Brasil, e que faz parte da produtora holandesa Endemol (do Big Brother), presente em 23 países, para produzir o The Wall. O game show – sucesso especialmente nos Estados Unidos pela NBC – envolve grandes premiações.

Com as atividades já em pleno andamento, a empresa produzirá versões para Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai. A brasileira ainda está em fase de negociação. O prefeito Orlando Morando (PSDB), que assinou decreto passando a administração do local para a Secretaria de Comunicação, disse que o Vera Cruz atendeu todas as necessidades da Endemol.

O contrato tem duração de três meses e renderá aos cofres públicos em torno de R$ 312 mil pela locação do espaço (para a feira de malhas, o valor é de cerca de R$ 180 mil, por exemplo). “Procuramos todas as emissoras de TV. Gostaríamos de fazer contrato de cinco anos, mas não houve interesse. Hoje dificilmente tem quem deseja contratar por cinco anos. O mercado não quer esse modelo.”

Além de o complexo voltar para o mapa das produções – os nomes do espaço e de São Bernardo estarão nas atrações – o mercado se movimenta como um todo. “Já temos 150 profissionais trabalhando, a maioria contratada aqui. Tem maquiador, cabeleireiro, segurança, gente para a limpeza”, comemorou Morando, ressaltando que movimentará redes hoteleira e gastronômica.

Outra coisa que para o gestor vale, e muito, é o fato de o local ser o único pronto e adaptado para gravações e que está próximo aos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo. Compete, segundo ele, com o Rio de Janeiro e Paulínia, que têm polos de cinema.

O espaço continuará abrigando as feiras de malha e outros eventos já conhecidos, mas a prioridade serão produções para TV e cinema. “Não terá mais uso banalizado como era”, afirmou. Morando ressaltou que o contrato com a Endemol é só o primeiro passo. O Vera Cruz já foi cotado para filmar comercial com a modelo Gisele Bündchen – mas não poderá por estar locado para a produção do The Wall – e deverá servir ainda de espaço para gravações de filme da Turma da Mônica.

Acervo cinematográfico pode ganhar novo espaço
Em vistoria feita pelo prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), em abril, ao Complexo Vera Cruz foi encontrado acervo cinematográfico abandonado, juntando mofo. Entre as peças, está o caminhão Anastácio, usado por Amácio Mazzaropi (1912-1981) no longa Sai da Frente (1952). O automóvel está em restauro e deve ficar pronto até novembro.

Além dessa, várias outras peças ilustram a coleção, como cartazes das obras, roupas e rolos de filmes. Segundo Morando, elas não precisam de restauro, mas de preservação e de local adequado.

Segundo o diretor de Cultura Adalberto Guazelli, ainda não há definição do espaço para o acervo. A Prefeitura já fez pedido ao Ministério da Cultura para que a Cinemateca Brasileira faça inspeção. “São produtos de interesse nacional”, frisou Morando. Guazelli disse que se não houver uma destinação federal, o Paço achará local na cidade para guardar as memórias.




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