Nos bastidores da Lava Jato

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Vinícius Castelli

Perseguições, cenas de tensão e muita discussão são ingredientes do longa-metragem brasileiro Polícia Federal – A Lei é Para Todos, que chega às telonas no dia 7 e tem até passagem por São Bernardo – mas não chegou a ser filmado na cidade –, por conta da condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março de 2016, até o aeroporto de Congonhas. Ele é vivido por Ary Fontoura. A segunda parte já está sendo rodada e narrará fatos que surgiram a partir deste episódio.

Com direção assinada por Marcelo Antunez (das comédias como Qualquer Gato Vira-Lata 2 e Até Que a Sorte Nos Separe 3) e orçamento de R$ 16 milhões, a produção – primeira de uma trilogia – tenta ser mais do que um thriller policial ao apresentar o desenrolar da Operação Lava Jato, que tem chacoalhado a vida política do País.

A obra narra como tudo começou: foi durante apreensão de potes de palmito com drogas dentro de um caminhão no Interior de São Paulo. Por trás de toda a investigação estão os policiais Ivan Romano (Antônio Calloni), Beatiz (Flávia Alessandra) e Júlio Cesar (Bruce Gomlevsky).

Se por um lado, na produção, os agentes federais – ao menos os do núcleo da operação – são retratados como seres honestíssimos, heróis do País, há também, e dentro da corporação, quem tente os derrubar. O ator Marcelo Serrado vive o juiz Sérgio Moro, que não ganha papel principal no longa, apesar de ser figura-chave na Lava Jato.

As investigações levam ao doleiro e empresário Alberto Youssef (Roberto Birindelli). A partir disso muitas informações surgem até chegar à direção da Petrobras, à época a cargo de Paulo Roberto Costa (Roney Facchin), primeiro delator. São citados os escândalos do Banestado, Mensalinho, Mensalão e Operação Chakal. Partidos, como PT e PMDB, empreiteiras (Odebrecht) e empresas (Petrobras) são identificados na produção, que segue até o depoimento de Lula.

NO AR...
Quem assiste ao filme percebe que há, por parte dos próprios personagens, a discussão se a Operação lava Jato é perseguição política ou não, ainda que em raros momentos. Uma das principais propostas é mostrar os fatos na medida em que são descobertos.

Desvio de dinheiro, formação de quadrilha, propina e corrupção. Tudo é abordado na obra, que passa a ideia de que a investigação é apolítica, cujo único intuito é fazer justiça. Para alguns, ficará a impressão de que a trama persegue único lado político; para outros, será possível apenas ver heróis em forma de policiais e juiz; mas haverá também quem vai encarar o Polícia Federal como aventura fraca, boa para uma sessãozinha das 22h na TV aberta. Que valha, ao menos, para uma boa discussão: será que, de fato, saímos do lugar?

O diretor, Marcelo Antunez, garante que, apesar de ser um filme, portanto, voltado ao entretenimento, existe mensagem. “A Lava Jato faz parte da história do País e é importante falar sobre, concordemos com ela ou não. No filme, há um desejo de ajudar as pessoas a entender como as coisas funcionam, quem julga quem, por que, quais são as etapas, para que as pessoas saibam quando, como e de quem cobrar. Mas não queremos doutrinar ninguém. A ideia é que as pessoas pensem nesses absurdos com os quais nós deixamos de nos sensibilizar durante anos.”




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