Velho conhecido feito por novas mãos

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Vinícius Castelli

 Mônica, Cascão, Cebolinha, Astronauta e diversos outros personagens criados por Mauricio de Sousa sempre estiveram presentes na vida dos irmãos Marcelo e Magno Costa. Donos de obras como Oeste Vermelho, Matinê e A Vida de Jonas, entre outros, agora, a partir de seus olhares, são eles que dão vida para um dos nomes da turma: o Capitão Feio, que ganha aventuras na graphic novel Capitão Feio – Identidade. O lançamento da obra será na Bienal do Rio de Janeiro, dia 9 de setembro. O evento começa já na quinta-feira (www.bienaldolivro.com.br).

Paranaenses radicados em Santo André em 1992 – Marcelo agora vive em São Paulo –, os artistas de 39 anos receberam convite de Sidney Gusman, editor da Mauricio de Sousa Produções. Segundo Marcelo, isso se deu graças ao trabalho em A Vida de Jonas. “O convite veio por telefone em dezembro de 2015 e o anuncio oficial, na CCXP (Comic Con Experience) de 2016. Guardamos o segredo por 12 meses”, conta. “O convite foi uma grande surpresa para a gente e um presente de aniversário adiantado, pois ele ligou no dia 18 e faríamos mais um ano no dia seguinte.”

Marcelo revela que já havia o desejo em trabalhar com algum personagem da Turma da Mônica, “mas era apenas um pensamento distante. Porém. o (Capitão) Feio, nunca havia passado pela nossa cabeça. Foi uma surpresa”, diz. Para o ilustrador, o Capitão Feio sempre foi aquele personagem que aparecia para causar problemas para a turma, “mas quem ele era e como conseguira os poderes me intrigavam muito”, afirma.

Da trama narrada na graphic novel, Marcelo guarda as informações a ‘sete chaves’. “Infelizmente não podemos revelar nada. Sidney (Gusman) nos mataria”, brinca. O que pode adiantar é que a ideia de quem ele é e o que queriam para a história sempre foi muito parecida. “Quando houve o convite, eu estava viajando de férias, Magno estava trabalhando. Pensamos no personagem da mesma maneira, mesmo estando distantes. E quando houve a reunião com o Sidney, as ideias se encaixaram também com o que ele queria.” Para Sidney Gusman, personagens como o Capitão Feio podem ser muito explorados. “No dia em que soltamos o Capitão Feio na internet foi um sucesso absurdo. Já avisei aos irmãos Costa que eles irão autografar muito esse trabalho”, afirma, satisfeito.

A divisão nos projetos dos irmãos é sempre natural. Em Capitão Feio, Magno cuidou do roteiro e dos thumbnails (processo dentro do estudo do desenho), e Marcelo, dos traços e da cor. “O Magno cria de maneira bem visual e precisa passar nos thumbnails o que o roteiro escrito talvez não passaria. Eu gosto de trabalhar o acabamento, sou apaixonado por cores e adoro experimentar bastante”, diz Marcelo.

A inspiração para a criação, segundo Marcelo, surgiu do dia a dia. “Do mundo como está, das camadas da nossa cidade, com seus lados limpo e sujo, das notícias que vemos na TV, de como as pessoas se maltratam no trânsito, por exemplo. A inspiração está em tudo ao nosso redor. O Capitão Feio é um personagem diferente e difícil de sacar, mas acima de tudo é um ser humano.”

Para eles, o trabalho de adaptar um personagem infantil para os públicos infantojuvenil e adulto é muito difícil, mas também desafiador. Marcelo conta que respeitaram a origem do personagem, seus poderes, personalidade e roupas. “Mas isso tudo com um pouco mais de realidade. O que eles devem ter em comum pode ser a personalidade difícil e singular”, encerra.

Um novo mundo para velhos conhecidos
Personagens inocentes, com traços feitos para a criançada, encontraram décadas depois de seus surgimentos nos gibis nova roupagem, vida e caminhos. Mais do que isso. Se reencontraram com velho público, graças às graphic novels – publicações feitas para públicos infantojuvenil e adulto.Sidney Gusman, editor da Mauricio de Sousa Produções, diz que as releituras dos personagens por outros artistas começaram em 2005, quando Mauricio fez 50 anos de carreira e lançaram o livro MSP 50.

Ele diz que depois da experiência com essa obra ficou claro que tinham um caminho a percorrer. “Foi sucesso danado. Daí veio a pergunta: ‘E se fizéssemos um projeto para o público infantojuvenil?. E o que temos ouvido por aí é: ‘Você me fez voltar a ler quadrinhos depois de 30 anos’”, revela.

Já foram feitas graphic novels de personagens como Bidu, Louco, Turma da Mônica e até Astronauta – já lançado na Espanha, Alemanha, Itália e França, entre outros. Gusman revela que Mauricio de Souza é fã do projeto. “Ele sempre pergunta se tem coisa nova e diz: ‘Olha o que meus personagens inspiraram’”. Gusman conta que, com esses trabalhos, as pessoas descobrem artistas, como os irmãos Costa, e buscam saber de outros projetos dessas pessoas.

Prata da casa
Veteranos no universo das artes, os ilustradores andreenses Fernandes – do Diário – e Gilmar participaram da obra MSP 50 – Mauricio de Sousa por 50 Artistas, lançado em 2009. Na obra, que narra um bocado do cinquentenário do criador da Turma da Mônica, Fernandes fez Mauricio junto do elefante Jotalhão. “Escolhi esse personagem, pois desde a minha infância gostava de um comercial de TV em que ele aparecia. Gosto dele. Mauricio faz um bom trabalho para os quadrinhos no Brasil. Foi muito importante participar dessa obra, é um reconhecimento”, diz Fernandes. Gilmar emprestou seus traços para Penadinho e Cebolinha, entre outros. Laerte, Angeli, Baptistão, Lelis, Ivan Reis – da região – e Ziraldo também participam.




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