Equoterapia auxilia no processo de reabilitação

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Andressa Claudino

A equoterapia, método terapêutico e educacional onde se utiliza o cavalo no processo de reabilitação, tem auxiliado de forma positiva pacientes com comprometimentos físicos ou mentais. Entre as sete cidades, cerca de 645 pessoas estão em tratamento, sendo 330 pacientes em Mauá e em Santo André, 200 em São Bernardo, 100 em São Caetano e 15 em Ribeirão Pires. Diadema e Rio Grande da Serra não oferecem a assistência.

A fisioterapeuta Rosângela Gonçalves, especialista em equoterapia, explica que o cavalo é utilizado com fins terapêuticos, pois durante a montaria o animal transmite ao cavalheiro, por meio do dorso, um movimento tridimensional, extremamente semelhante ao que uma pessoa realiza ao caminhar. “O paciente sofre uma readequação com estes movimentos, que são deslocamentos para cima, para o lado e para frente, propiciando a conscientização corporal do portador de deficiência e estimulando a aprendizagem ou a reaprendizagem da marcha.”

A equoterapia tem mostrado bons resultados e proporcionado qualidade de vida aos pacientes. Em 2014, quando Lucas Redigolo Ferreira tinha apenas 4 anos, os médicos descobriram que ele estava com tumor cerebral. A mãe do garoto, Andreia Redigolo Ferreira, 40, conta que Lucas foi submetido a sessões de quimioterapia, radioterapia e enfrentou onze cirurgias. O câncer o deixou com algumas sequelas, uma delas foi a perda de movimentos das pernas. “Os médicos me aconselharam a colocar o Lucas na equoterapia, e com apenas três meses de tratamento, meu filho voltou a andar,” afirmou, emocionada.

A fonoaudióloga Danielle Mialich Rodrigues, 38, proprietária da Equoterapia Voo de Liberdade, em São Bernardo, explica que o tratamento é indicado para pessoas com síndromes diversas, paralisias cerebrais, autistas, pacientes com transtornos de deficit de atenção, crianças hiperativas, pacientes que sofreram AVC (Acidente Cerebral Vascular) e pessoas com depressão.

A dona de casa Maria Verônica de Assis, 65, conta que a filha Katia Pinto de Assis, 20, possui Síndrome de Down. Por conta disso, decidiu levá-la para fazer equoterapia devido à agitação da jovem. “Depois do tratamento, minha filha melhorou muito. Agora ela está muito mais calma. A alegria da vida dela é andar a cavalo”, conta, orgulhosa, Maria Verônica.

A equoterapia é um tratamento considerado caro. O custo pode variar entre R$ 350 e R$ 850. O valor é justificado pela fato de o espaço onde é realizado o tratamento precisar ser adequado para se trabalhar com um animal de grande porte. A equipe é multidisciplinar, com profissionais das áreas da Saúde, da Educação e da equitação que atuam em conjunto para atender às necessidades múltiplas.

Os municípios de Santo André, de São Caetano e de Mauá confirmaram oferecer o tratamento via SUS (Sistema Único de Saúde), e que atualmente cerca de 200 pessoas na região realizam o tratamento gratuitamente na região.

Processo também auxilia pacientes que sofrem de depressão

Segundo especialistas, a equoterapia tem amparo multidisciplinar. Por este motivo, todas as dificuldades englobadas na fisioterapia, pedagogia, psicologia e fisioterapia podem ser tratadas. Pacientes com problemas de autoestima, de segurança, de confiança e de socialização podem buscar ajuda no tratamento. Isso ocorre porque o cavalo é um animal dócil e possui estimulações sensoriais importantes, com temperatura e textura acolhedoras.

A fisioterapeuta Rosângela Gonçalves conta que na Europa as pessoas assemelham o passo do cavalo ao ninar, mesmo que inicialmente exista o medo da montaria. Ou seja, segundo ela, quando o paciente monta no animal, ele se sente acolhido, especialmente em casos de depressão.

“Com o passar das sessões, aumentam-se a segurança e a confiança, características que uma pessoa depressiva precisa desenvolver para equilibrar o emocional”, explica.

A estudante Giovanna Cavagnolli Medina, 14, iniciou o tratamento na equoterapia Voo de Liberdade, pois era uma adolescente muito introvertida. “Era muito tímida, faz somente dois meses que estou andando a cavalo e já senti uma grande melhora. Agora, estou mais comunicativa”, conclui.

A psicóloga Mayara Simão, da Equoterapia Apae de São Caetano, conta que o tratamento ajuda muito na questão do afeto e da socialização. “Para montar no cavalo, o paciente tem de manter o contato com os profissionais da equipe, até mesmo para ele conseguir manter o controle do animal. O ato em si impede que o paciente fique fechado no mundo interno dele, auxiliando o desenvolvimento social do paciente”, afirma.

 

Setecidades - Diário do Grande ABC - Edição: 09/07/17




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