Eternas divas

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Miriam Gimenes

 O predicado diva, conforme descrito no dicionário, deve ser atribuído a uma divindade feminina, uma deusa. Em uma segunda definição, refere-se a alguém que se torna uma musa inspiradora. Dados os significados, a conclusão é uma só: ao documentário Divinas Divas, que estreia hoje nos cinemas, não caberia outro nome. Dirigido por Leandra Leal – que faz sua estreia na função, e já ganhou alguns prêmios –, ele conta da primeira geração de artistas travestis no Brasil dos anos 1960 de maneira delicada e emocionante.

A história começa quando Américo Leal, avô de Leandra, assume o Teatro Rival, no Rio de Janeiro, na década de 1970, e o transforma em um dos principais palcos do Teatro de Revista. “Lembro de ainda criança ver as fotos das vedetes em frente ao Rival e sonhar em um dia ser como elas. E eu consegui”, comemora Jane Di Castro, uma das artistas cuja história é contada no filme.

Além dela, estão na lista de divas que passaram pelo palco do Rival Rogéria, Divina Valéria, Camille K, Fujika de Halliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa (que morreu em 2015) e Brigitte de Búzios. “O Divinas é um filme feito com muita admiração, muito amor por elas, pelo fazer artístico. É uma declaração de amor à arte para mim, já que é meu ofício”, diz Leandra. Essa paixão pelas artistas se deu porque ela cresceu nos bastidores do Rival, conviveu por muito tempo com elas e, quando assumiu o teatro ao lado de sua mãe, Angela Leal, teve a ideia de fazer o documentário.

Além de mostrar as dores e alegrias de cada uma delas – inclusive como se lançaram artisticamente –, o documentário faz um paralelo com a aceitação da sociedade à época, lembrando que estava em plena Ditadura Militar, e de que maneira elas foram precursoras na aceitação da diversidade.

Leandra lembrou, durante a coletiva de imprensa, que embora o País já tenha avançado muito nessa questão, ainda há muito o que fazer. “O Brasil é o país que mais mata trans no mundo e isso é vergonhoso.” Disse que até por conta do tema do filme, sofreu dificuldades de captação financeira para custeá-lo – parte foi por crowdfunding –, e que este trabalho é uma forma de diminuir o preconceito que sequer deveria existir.

O longa, que foi eleito melhor documentário pelo Prêmio Felix no Festival do Rio 2016, faz parte da Sessão Vitrine da Petrobrás e estará em cartaz, nas próximas duas semanas, no Cine Caixa Belas Artes, Espaço Itau de Cinema (Augusta e Frei Caneca) e no Cinearte, ao custo de R$ 12.




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