O impeachment do mandatário alvinegro só será consumado após a assembleia-geral dos associados referendar a decisão
Osmar Stábile assume interinamente o comando do Corinthians depois que o presidente Augusto Melo foi afastado pelo Conselho Deliberativo em votação realizada nesta segunda-feira. O impeachment do mandatário alvinegro só será consumado após a assembleia-geral dos associados referendar a decisão. Ao todo, 236 conselheiros compareceram na votação. Houve duas abstenções. O placar foi de 176 votos pelo impeachment, 57 contra e um em branco.
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Agora, o presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Jr, tem até cinco dias para marcar a data da assembleia com os sócios. Não há data definida para a reunião, mas a expectativa é de que ela aconteça entre 30 e 60 dias.
E quem é o homem que comandará nas próximas semanas um dos times mais populares do Brasil e do mundo? Osmar Stábile tem longo histórico na vida política do Corinthians. É conselheiro vitalício desde 2006 e foi vice-presidente de esportes terrestres de Alberto Dualib, presidente que também sofreu impeachment, em 2007, ano do rebaixamento da equipe do Parque São Jorge à Série B do Campeonato Brasileiro.
Stábile nunca escondeu de seus colegas o desejo de ser presidente do Corinthians. Ele foi candidato à presidência ainda em 2007 e em 2009, mas acabou perdendo ambos os pleitos para Andrés Sanchez, e concorreu como vice em 2012 e 2018, na chapa de Roque Citadini, quando também acabou derrotado nas duas oportunidades.
Ele finalmente chegou ao poder em 2023, ao lado do presidente Augusto Melo, na chapa que tirou o grupo Renovação e Transparência (liderado por Andrés Sanchez) do poder após 16 anos. Porém, a gestão sofreu com denúncias e escândalos ainda no primeiro ano e parte dos apoiadores migraram para a oposição. O próprio Stábile rompeu com Augusto Melo e teria apoiado o impeachment de forma não oficial.
Um dos escândalos surgidos neste início de gestão e que motivou o impeachment aprovado nesta segunda-feira foram irregularidades do acordo com a ex-patrocinadora Vai de Bet. Segundo investigação da Polícia Civil, a empresa citada no contrato como intermediadora, cujo dono trabalhou na campanha de Augusto Melo, utilizou uma empresa fantasma para fazer R$ 1 milhão chegar à conta bancária da UJ Football Talent Intermediação, empresa apontada como braço do PCC.
O clube nega ter contrato com a empresa. Por sua vez, a defesa de Augusto Melo reitera a convicção de que o presidente do Corinthians "não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades relacionadas ao caso" e que o único papel desempenhado por ele foi "ter recebido a proposta, encaminhado aos departamentos competentes e firmado o contrato com a aprovação de todos os setores envolvidos."
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Fora do clube, Osmar Stábile é sócio-fundador da Bendsteel, empresa de estamparia de metais. Em 2019, o empresário ganhou notoriedade por ter financiado a produção de um vídeo que manifestava apoio ao Golpe Militar de 1964 no Brasil.
Em nota oficial, Stábile reafirmou sua admiração pelo golpe e pela Ditadura Militar. "Sou um patriota e entusiasta do contragolpe preventivo (pois é assim que boa parte que os historiadores sem ideologias pré-concebidas enxergam 1964)", dizia o comunicado.
"Não tenho e nem tive a pretensão de mexer com os brios, dores e sentimentos daqueles que se dizem perseguidos pelas Forças do Estado naquele importante período da nossa história. Mas acredito plenamente nos esforços de nossas Forças Armadas que evitaram males políticos maiores para a nação. E esse lado da história precisa ser conhecido pelas novas gerações! Uma só cansada narrativa que traz meias verdades ou mentiras não pode ser o único norte para um povo que necessita conhecer sua história!", afirma ainda a nota.
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