Operadores afirmam que, com agenda de indicadores esvaziada e sem novidades relacionadas à guerra comercial, investidores ajustaram posições e realizaram lucros
Após instabilidade e trocas de sinal pela manhã, o dólar se firmou em alta moderada no mercado local ao longo da tarde desta quarta-feira, 14, alinhado ao comportamento da moeda norte-americana no exterior. Operadores afirmam que, com agenda de indicadores esvaziada e sem novidades relacionadas à guerra comercial, investidores ajustaram posições e realizaram lucros.
Na esteira da trégua tarifária entre Estados Unidos e China no fim de semana e de leitura comportada da inflação ao consumidor americano em abril, o dólar caiu na terça-feira 1,32% e fechou no menor nível desde 14 de dezembro, passando a acumular no ano desvalorização de mais de 9% em relação ao real.
"Tivemos hoje os ajustes depois da queda de ontem e também a virada do dólar no exterior. As commodities em queda também não ajudaram o real", afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.
Com mínima a R$ 5,5828, na primeira hora de negócios, e máxima a R$ 5,6356, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira em alta de 0,43%, a R$ 5,6327. A divisa ainda recua 0,39% nos três primeiros pregões desta semana, o que leva as perdas em maio a 0,77%.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY, que operou em baixa pela manhã, ganhou força ao longo da tarde, sobretudo em razão do enfraquecimento do euro, e passou a trabalhar em leve alta, girando pouco acima do 101,100 pontos no fim do dia.
Na comparação com divisas latino-americanas, o dólar subiu ante o real e o peso chileno, mas caiu em relação ao peso mexicano. Após quatro pregões seguidos de alta, os preços do petróleo recuaram, com o aumento inesperado de estoques nos EUA.
Borsoi, da Nova Futura, vê chances de continuidade do rali do real e não descarta a possibilidade de a taxa de câmbio descer para R$ 5,50 até o fim do primeiro semestre. Ele destaca a sazonalidade positiva do fluxo cambial, com exportação da safra agrícola, e a manutenção da atratividade do carry trade, dada a perspectiva de manutenção da Selic em nível elevado por período prolongado.
"O ambiente externo é mais favorável às commodities e de menor aversão ao risco, com redução das chances de recessão global. O mercado está migrando da tese de recessão para a de um pouso suave da economia americana", afirma o economista.
Dados divulgados à tarde pelo Banco Central mostram que o fluxo cambial em maio, até o dia 9, está positivo em US$ 1,075 bilhão, graças à entrada líquida de US$ 1,424 bilhão via comércio exterior. No ano, porém, o fluxo total é negativo em US$ 7,737 bilhões.
Investidores acompanham na quinta-feira uma agenda pesada que pode trazer novas informações em torno do eventual impacto da política comercial e migratória de Donald Trump sobre a economia dos EUA. Do lado da atividade, saem dados de vendas do varejo nos EUA em abril, produção industrial em abril e o índice de atividade industrial Empire State em maio.
No campo da inflação, após a leitura benigna do índice de preços ao consumidor, haverá a divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês). Além disso, há discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em evento.
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