Migração de nordestinos para São Paulo inspira monólogo

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Miriam Gimenes

O ator e diretor João Batista Júnior veio do Rio Grande do Norte para São Paulo há uma década. Como todo migrante, sofreu com as dificuldades de adaptação, a solidão e angústias de estar em um lugar que não é o seu. E foi a partir de sua experiência que teve a ideia de conversar com migrantes nordestinos, ação que resultou no monólogo Portar (ia) Silêncio, que entra em cartaz hoje, às 20h30, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.

“Eu me lancei uma pergunta: ‘Que Nordeste é esse que vive em São Paulo?’ Comecei a estudar os efeitos existenciais da migração. Em conversa com uma amiga começamos a procurar possíveis entrevistados e os quatro primeiros eram porteiros. Foi quando percebemos que havia um recorte”, explica Júnior.

Passaram, portanto, a nortear o projeto pela visão destes profissionais. Depois dos primeiros, ouviram mais cinco porteiros, todos dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, Sergipe e Piauí. “A portaria se tornou para mim uma metáfora de coisas que eu estava sentindo enquanto migrante, principalmente das questões existenciais, como invisibilidade, solidão, silenciamento. Por todas as condições do modus operandi desse trabalhador, muitas vezes ele é silenciado”, acrescenta o ator.

Ele condensou no texto outros aspectos do tema, como o olhar colonialista e aristocrático sobre o Nordeste do País, os preconceitos linguísticos e a falta de reconhecimento identitário de sua cultura local nas dinâmicas impostas pela cidade. Para tanto, na peça, ele entrelaça depoimentos dos porteiros gravados em vídeo e projetados na parede do auditório com sua interpretação.

Portar(ia) Silêncio – Teatro. Sesc Vila Mariana (Rua Pelotas, 141). Sextas, às 20h30; e sábados, às 18h. Até 16 de fevereiro. Ingr.: a partir de R$ 6 no site www.sescsp.org.br. 




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