Orgulho e respeito o ano todo

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Aline Melo

Em 28 de junho foi celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais e Transgêneros, Queer, Intersexo, Assexuais, entre outras orientações sexuais, identidades e expressões de gênero). Durante todo o  mês de junho, foram inúmeras as campanhas publicitárias em que diferentes marcas e empresas declaram seu apoio à diversidade sexual e de gênero. Mas passado o mês festivo, é sempre importante lembrar que o Brasil é o país onde mais se mata pessoas transexuais. Políticas afirmativas devem ocorrer o ano todo.

A luta feminista está intimamente ligada à luta LGBT+. Isso porque temos os mesmos inimigos: o machismo e o patriarcado. O Brasil é tão machista que, como já citei no primeiro parágrafo dessa coluna, é o País onde mais acontecem assassinatos de travestis e mulheres transexuais no mundo. Muito embora homens trans também sejam vítimas de violência, é inegável que as mulheres transexuais, transgêneros e as  travestis são as principais vítimas do ódio.

Dados da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) mostram que no primeiro quadrimestre de 2021 o Brasil registrou 56 assassinatos de pessoas trans – sendo 54 mulheres e dois homens. Em todo o ano de 2020, esse número foi de 175 casos. Nos Estados Unidos, de janeiro a abril deste ano, foram 19 casos de pessoas trans assassinadas. Em 2020, o número de casos na terra do Tio Sam foi 44.

A pesquisa da Antra, divulgada anualmente, apontou que também houve uma redução na idade média das vítimas, em torno de 29 anos. A expectativa de vida da população trans no Brasil é de 35 anos, contra 70 anos, em média, da população cisgênera, aquela que ao longo da sua vida sempre se identifica com o gênero atribuído ao nascer.

Essas estatísticas por si só já seriam tristes. Colocadas ao lado de outro dado, elas se tornam ainda mais incompreensíveis: o Brasil é o país que mais consome pornografia com pessoas trans do mundo. Por que tanto fascínio por vidas e corpos que ao mesmo tempo são odiados e violentados? Pessoas que são objetificadas e ao mesmo tempo alvo da mais vil violência.

Pessoas trans também estão mais sujeitas à vulnerabilidade. A idade média que um adolescente transexual é expulso de casa é 13 anos. A maioria não continua na escola depois dos 15. Como garantir que essa população tenha condições de vida dignas se à ela é negada o básico? Moradia, educação, afeto. 

O mesmo afeto que muitas vezes é negado para gays, lésbicas, bissexuais. Muito se fala de uma suposta ideologia de gênero, quando o que temos na prática é a ideologia da cisheteronormatividade. Qualquer manifestação fora disso pode virar alvo de ódio e discriminação. Uma sociedade mais justa e inclusiva só será alcançada quando todos puderem se expressar e viver da forma como se sentirem mais felizes. É isso o que devemos defender, é por isso que devemos lutar todos os dias. O ano todo.

 

                                                                         Foto: Pixabay



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