Sesc Santo André recebe exposição do fotógrafo Cristiano Mascaro

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Luís Felipe Soares <br> Do Diário do Grande ABC

Faz pouco mais de cinco décadas que Cristiano Mascaro tem emprestado seu olhar para o universo das imagens. Natural do Interior e morador da Capital há anos, ele descobriu a profissão de maneira casual, ao folhear um livro do fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), considerado um dos mestres desse tipo de linguagem. “Me encantei com aquela forma tão sensível de ver o mundo. Falei para mim mesmo que era isso o que queria para a vida.” Ao longo do tempo, aperfeiçoou a visão em torno de paisagens, espaços urbanos, arquiteturas e pessoas, com parte dessa produção reunida na mostra O Que os Olhos Alcançam, em finalização de montagem no Sesc Santo André (Rua Tamarutaca, 302). A abertura está agendada para quarta-feira, às 20h, e Mascaro é presença confirmada no evento gratuito.

O projeto foi iniciado neste ano, tendo tido sua primeira parada no Sesc Pinheiro, em São Paulo, entre março e junho. Após muito tempo de estrada, ele confessa que esta é a maior exposição da carreira, com a grande presença do público e os chamados para participações em atividades (como visitas guiadas) demonstrando sua importância. “Sempre digo para todo fotógrafo mais jovem que o grande lance da atividade é você estar apaixonado. E existem diferentes maneiras de se ativar essa paixão pelas cenas, momentos e temas. Mesmo com certa idade, hoje em dia, quando eu coloco a mochila com o equipamento nas costas, que pesa de oito a dez quilos, me abre o peitoral de empolgação. É uma sensação que ainda me faz bem, que me faz acordar às 5h entusiasmado. E o trabalho da exposição demonstra essa minha uma paixão”, conta o artista.

Na companhia do amigo e curador Rubens Fernandes Junior, revirou seus arquivos atrás das fotografias. Cerca de 180 itens estarão espalhados no espaço de eventos da unidade local, com diferentes ampliações e formatos de apresentação. Livros, cartazes e pôsteres complementam o acervo. Tudo está dividido em 15 núcleos, cada um explorando momentos e estágios distintos do trabalho de Mascaro, incluindo trabalhos mais recentes feitos a partir de celular.

“A mostra nasceu sem o caráter retrospectivo, mas é impossível mostrar o Cristiano, hoje, sem certa cronologia. Tudo acaba sendo uma sintaxe e as conexões entre fatos e fotos são livres. Um cartaz mostrado pode contar uma imagem ampliada na parede. É legal para o público fazer esse exercício entre as plataformas”, explica o curador. Junior também foi responsável por dar nome ao projeto, ao qual a dupla não queria que fosse algo complexo nem misterioso. “Acaba sendo algo poético e brinca com o verdadeiro papel do fotógrafo”, comenta Mascaro.

A maioria do conteúdo está em preto e branco. Influências do suíço Robert Frank, o húngaro Andre Kertesz, o norte-americano Irving Penn e, é claro, Cartier-Bresson fazem parte da escolha – assim como a questão financeira mais viável na época e a facilidade para a revelação. “Para lidarmos com o mundo real e não cair na literalidade do registro postal, ilustrativo, acaba sendo um artifício. Percebi que poderia ver as coisas, mas sem ser literal”, diz o artista.

O Que os Olhos Alcançam terá visitação de terça a sexta-feira, das 10h30 às 21h30, e aos sábado e domingos, das 10h30 às 18h30, até 17 de novembro. O fotógrafo provou que sua intuição diante dos cliques tem muita história para contar, ou melhor, mostrar. 




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