Tragédias ambientais, naturais ou causadas por humanos, matam milhares de animais no Brasil. As cenas são de horror, mas também de esperança. Nos incêndios do Pantanal, ao menos 35 médicos-veterinários devolveram mais de 50 animais à natureza. Voluntários se unem aos profissionais para tentar minimizar as consequências das queimadas, enchentes, vazamentos de petróleo, desmoronamentos, rompimentos de barragens e longos períodos de seca. Mas de quem é essa responsabilidade?
“Além das empresas por trás dos acidentes, os órgãos públicos precisam cuidar. Também cabe a nós lutar. Quando protegemos os animais, protegemos o meio ambiente e as pessoas. É responsabilidade de todos zelar.” Esta é a opinião de quem sabe o que diz. Laiza Bonela preside grupo de trabalho específico para tragédias do Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Ela e os colegas estão felizes, pois, há menos de um mês, foi aprovado o Plano Nacional de Contingência de Desastres em Massa Envolvendo Animais. O objetivo do documento é oferecer suporte à conduta de quem está em campo. “O plano teve origem em 2019, em Brumadinho, Minas Gerais. Quando percebemos a complexidade do rompimento da barragem, sentimos que não podia ser em vão. Precisávamos padronizar condutas e construir documentação técnica para orientar os profissionais nas próximas tragédias. Foi o que aconteceu”, explica Laiza, que ressalta: “Temos como foco os animais domésticos. Não existia nada no País que os protegia”.
Nas emergências, é importante que as pessoas saibam agir. O plano destaca como resgatar, tratar e acolher os bichos em abrigos temporários, aborda casos passíveis de eutanásia e orienta condução das perícias. Grande dificuldade é que não tem órgão oficial específico, como Defesa Civil, para os animais. “O plano nacional – apesar de contemplar o máximo de ações, encaminhamentos e documentos – deve ser adaptado para a realidade local. Precisa ser refinado, para que se torne instrumento cada vez mais útil.”
A ideia é que o Grupo de Trabalho de Desastres em Massa Envolvendo Animais seja transformado em comissão permanente do Conselho Federal de Medicina Veterinária para dar continuidade ao projeto. “Queremos capacitar profissionais para capilarizar o conhecimento e descentralizar a atuação em ocorrências de desastres, sem a necessidade de deslocar equipes de outros estados”, planeja Laiza. Enfim, boas notícias!