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Miriam Gimenes
Este mal, que tem acometido a sociedade com força, pode ser combatido com a meditação
E uma conversa entre amigos é comum falar de situações felizes na vida de cada um, mas também das que preocupam. E cada vez mais rotineiro ouvir que um ou outro teve de procurar ajuda profissional, por ter tido, entre outros problemas psicológicos, crise de ansiedade. Ela geralmente começa com uma dor no peito, que pode também correr para os braços, taquicardia, respiração ofegante e formigamento nas mãos. A correria do dia a dia e a pressão que sofremos nos mais variados aspectos da vida são as principais causas deste mal, que está entre as palavras mais pesquisadas nos sites de busca da internet.
Para combater este transtorno, que acomete quase 10% da população brasileira, além de procurar ajuda psicológica e psiquiátrica – e algumas vezes a necessidade de recorrer aos remédios –, também recomenda-se usar da prática meditativa. A especialista no assunto Valéria Nunes de Oliveira, de São Caetano, diz que a meditação vai ensinar a pessoa a se olhar interiormente, com mais amorosidade e amor próprio. “Fisiologicamente os exercícios de respiração aliados à postura e o foco em si trarão um metabolismo mais coerente e adequado à saúde, proporcionando a produção de endorfinas, que são hormônios de ação analgésica, gerando bem-estar.” Assim, completa, a pessoa passará a perceber um funcionamento corporal muito mais tranquilo, com sono reparador, a diminuição da pressão arterial e sensação de saciedade. “Diminui inclusive as ânsias consumistas, até mesmo na alimentação por impulso, além da incrível sensação de harmonia com o mundo”, ressalta.
Valéria não dá nome à pratica meditativa que implementa com seus alunos. Apenas usa do mindfulness (estado mental que promove a atenção plena) e a ioga nidra (modalidade que faz entrar em contato com seu ‘eu’ interior). A primeira, observa, criada nos Estados Unidos e sem nem um vínculo religioso, faz com que o praticante aprenda a prestar atenção na sua respiração, objetos, ou sensações e movimentos do corpo. “O mindfunless é utilizado como um caminho, um meio para se chegar ao real estado meditativo. O principal objetivo é a observação interior, de si mesma, um resgate de quem somos intimamente. Um olhar despido de subterfúgios impostos socialmente. De tanto obedecermos as regras acabamos nos esquecendo de quem somos e como pensamos”, explica. E acrescenta: “Como atualmente a maioria das pessoas é estressada, a mindfulness se tornou um boom das práticas integrativas, ficou muito conhecida, muito bem aceita até para os mais racionais e faz sucesso como uma das formas de meditação laica. Porém, a atenção plena é concentração e a meditação vai além disso.”
Uma vez que chegue à meditação, guiada ou não – Valéria costuma, com seus alunos, dar as diretrizes e, depois de determinado momento, deixá-los meditar sozinhos –, a pessoa aprende a ter relaxamento corporal e foco na respiração. “Sendo assim, aprende a não se perder com manifestações externas. Ela poderá ser insultada e voltar ao seu centro e reagir de forma diferente do que ela estava acostumada até então. O resultado é o de uma pessoa menos impulsiva, menos estressada e com maior consciência. As reações se tornam conscientes, não mais impulsivas como eram anteriormente e a pessoa aprende a não responder às provocações de uma maneira nociva para si e para o outro. E, dessa forma, o estresse reduz.”
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