Passarela da vida

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Miriam Gimenes

Camila Queiroz começou a carreira como modelo, despontou na TV como  a top Angel, de ‘Verdades Secretas’, e, agora, ‘desfila’ seu talento na nova novela das 19h, ‘Verão 90’: ‘Construí cada etapa da minha carreira. Trabalhei muito para estar vivendo o que  vivo hoje’. 

Arlete é uma garota inocente, que tem o sonho de ser modelo e desfilar pelas passarelas do mundo. É convidada a fazer parte do casting da agência Fanny, onde ganha o nome de Angel e começa, assim, a trilhar seu caminho no ofício que passou a chamar de seu. Brilha. Sofre uma reviravolta na trama, que, deixa para trás a moça jovem do interior e se transforma na ‘algoz’ da história. Foi assim que a atriz Camila Queiroz, 25 anos, foi apresentada ao público, em 2015, na novela Verdades Secretas, de Walcyr Carrasco. Passados três anos, ela agora encara a primeira vilã de fato de sua carreira, definida por ela como ‘vigaristinha’, a Vanessa, de Verão 90, trama de Izabel de Oliveira e Paula Amaral que acaba de estrear na Rede Globo. 

Diferentemente da Angel, que demorou para tirar a máscara de anjo, já no primeiro capítulo Vanessa mostrou a que veio. Na história, a personagem é uma alpinista social que não mede esforços para subir na vida e frequentar as altas rodas. Ao lado de Jerônimo (Jesuíta Barbosa), de quem é cúmplice e amante, vai formar uma dupla imbatível. Seu sonho é ser VJ da PopTV. “Ela é uma mulher de caráter bastante duvidoso, que não tem muitas condições e ganha a vida aplicando golpes. Vejo que algumas pessoas a chamam de vilã, mas  não a vejo dessa forma. As atitudes dela não são planejadas para prejudicar o outro, mas sim para ela se dar bem. Ela não faz maldade por fazer, só para tripudiar. Ela tem atos bem reprováveis, mas que são pensando nela”, defende a atriz. 

A trama, como o nome da novela diz, se passa nos anos 1990. Eram tempos em que o País vivia a redemocratização, após mais de 20 anos sob ditadura militar (1964-1985), e as pessoas respiravam a liberdade. Vanessa, portanto, é fruto deste sentimento. “Tem sido uma delícia estar vivendo os anos 1990 dessa forma. Eu era muito nova, nasci em 1993. Minhas lembranças não são tão claras do período. Mas a gente fez uma preparação, quase uma viagem no tempo, e como as coisas mudaram tanto nesse tempo. Mas o que eu senti mesmo é que foi uma década muito solar, quase uma explosão de energia. As pessoas queriam viver a liberdade delas. Não estavam se preocupando muito com o que o outro estava fazendo. O Brasil tinha acabado de sair da ditadura, estava vivendo os primeiros anos democráticos, então existia esse sentimento de ‘vamos viver sem censura, vamos experimentar, vamos nos permitir’. Isso é algo muito forte do período”, analisa Camila. E, por isso, acrescenta, pode ser que os espectadores não fiquem com tanta raiva de sua personagem. “Posso estar enganada, mas acho que o público vai gostar da Vanessa, mesmo com suas atitudes erradas. Existe um humor nela. É uma personagem que só quer se dar bem e nem sempre consegue (risos). E que vai ser traída pelo seu coração. Ela sempre foi muito calculista, sempre agiu com a cabeça, mas vai se apaixonar e isso vai ter um grande impacto para ela. É um sentimento que até então nunca tinha experimentado. É humana e, por isso, acredito que o público entenderá alguns de seus atos.” A personagem, a qual ela se diz ‘muito feliz por estar vivendo’, como as outras que já fez, promete. 

MATURIDADE

Camila tem apenas 25 anos, mas mostra com suas análises a maturidade de quem começou a trabalhar cedo. Nascida em Ribeirão Preto, Interior de São Paulo, veio para a Capital com apenas 14 anos – a exemplo de Angel – assinou contrato com a Ford Models e, dois anos depois, foi morar no Japão e, tempos depois, nos Estados Unidos. Saiu de lá com 21 anos, para assinar contrato com a Rede Globo em seu primeiro papel de destaque nacional. 

Lembra com carinho da época em que vivia em cima das passarelas, mas curte cada momento da carreira de maneira especial. “Fui muito feliz durante o meu período como modelo. Viajei para mais de 15 países, tive experiências tão incríveis, mas vivi intensamente cada fase. E, de vez em quando, ainda relembro esse período em algum desfile que faço ou uma sessão de fotos. Por isso não sinto saudades. Construí cada etapa da minha carreira, trabalhei muito para estar vivendo o que vivo hoje.”

Sobre Verdades Secretas, ela admite ter sido um divisor de águas em sua trajetória. “Foi um trabalho muito especial. Muito mesmo. Mas eu não tinha a menor ideia da grandiosidade do trabalho. Só fui ter essa dimensão quando a trama já estava no ar. Sou muito grata ao Walcyr (Carrasco), ao Mauro (Mendonça Filho, diretor) e a todas as pessoas que me receberam de braços apertos.  Foi uma experiência única e sei que não é toda pessoa que tem essa oportunidade”, agradece. E muito se falou que a continuação da trama estaria a caminho. Camila não confirma. “Olha, eu vi essas notícias. Não sei se terá mesmo uma continuação. Mas, se tiver, eu amaria fazer (risos). Vamos ver. Só o Walcyr pode falar sobre isso.”

Depois desta novela, ainda em 2015, Camila estreou como apresentadora do especial de fim de ano Festeja Brasil, ao lado de Márcio Garcia. O apresentou novamente no fim de 2016. Neste mesmo ano, integrou o elenco de Êta Mundo Bom!, novela do horário das 18h, de Walcyr Carrasco, interpretando a caipira Mafalda. A personagem tinha um apelo popular e chamava de ‘cegonho’ as partes intimas do seu par romântico na trama, o Romeu (Klebber Toledo). Foi nesta época em que os dois atores começaram um romance, que resultou em casamento, no ano passado, em cerimônia na praia, durante o belo pôr do sol de Jericoacoara, no Ceará. Antes, em 2017, viveu a Luíza de Pega Pega, em que fez par romântico com o ator Mateus Solano. 

GRATIDÃO

Camila diz que não tem do que reclamar. A vida pessoal e a carreira têm sido muito boas para ela, vide os elementos já elencados por esta reportagem. “Olha, 2018 foi um ano muito, muito especial para mim. Quero só que 2019 repita todas as coisas boas que vivi no ano passado (risos). Trabalhei muito, me casei, realizei muitos sonhos. E o que eu quero para 2019 é dar continuidade. Estou muito feliz com esse trabalho, quero continuar trabalhando cada vez mais”, analisa. Ela acrescenta entre as conquistas o fato de que, no passado, fez sua estreia no teatro, em Isaura Garcia – O Musical, espetáculo dirigido por Klebber e no qual desempenhou seis personagens da história. “E fiquei apaixonada por essa experiência. Se puder, quero fazer teatro, cinema... (risos). E ainda planejo ter a minha lua de mel assim que Verão 90 acabar. Eu e Klebber não conseguimos por causa dos trabalhos no ano passado, então teremos este ano esse momento só nosso”, planeja. Vale dizer que o ator também está no elenco desta novela, na pele de Patrick. 

E, é claro, Camila se derrete ao falar do dia mais especial, que teve no ano passado. “Meu casamento me fez sorrir e chorar ao mesmo tempo. Foi um dia especial, com um misto de emoção. Mas o choro foi de felicidade”, lembra.  

A FAMA

Como sua vida mudou de 2015 para cá, não só em termos profissionais quanto em pessoais, Camila ainda está se adaptando a tudo isso. Em abril de 2017 perdeu seu pai, Sérgio Queiroz, que morreu de infarto, aos 53 anos. Quando a sua partida completou um ano, ela fez uma postagem emocionada em sua rede social. “Um ano que peguei na sua mão pela última vez e disse ‘fica com Deus, pai. Que Ele te abençoe’. No início de uma novela, longe de casa, com uma família toda sendo muito forte. Eu sei que você tá olhando e cuidando da gente daí de cima! Te amo pra sempre, meu herói.” 

Ele, junto com sua mãe – que a levou ao altar –, foi grande incentivador de sua carreira que, como tudo na vida, tem ônus e bônus. “A fama é o reconhecimento do meu trabalho. A gente conversa diretamente com milhares de brasileiros que nos assistem na TV. Estamos diariamente na casa deles e eu acho isso o máximo. Amo o contato com os fãs pelas redes sociais, quero trocar ideias com eles, saber o que acham do trabalho. As pessoas são carinhosas comigo, vêm falar sorrindo, como se eu fosse uma amiga. Isso é maravilhoso. O ônus é quando inventam algo sobre a gente, isso é muito chato. E, infelizmente, é algo que acontece. Mas entendo que faz parte da profissão. E sempre que acho necessário, me coloco, faço questão de desmentir. Só que é muito ruim isso”, lamenta. 

Mas não há espaço para reclamações. “Estou na fase em que agradeço mais do que peço. Sou tão grata por tudo o que eu conquistei, por tudo o que aconteceu na minha vida. Mas acho que quero fazer mais teatro e cinema. São objetivos que quero colocar em prática.”  Camila – que confessa sonhar em ser mãe – quer focar agora em sua personagem, uma ‘filha’ que está acabando de nascer. E, a exemplo das anteriores, que o sucesso também chegue a esta e às próximas personagens que ela ‘desfilará’ pelas passarelas de sua vida.

 




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