Ela tem a força

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Caroline Manchini

Alice Wegmann, que quase virou ginasta, deixou de se exercitar nos ginásios para investir na carreira de atriz, que tem seu auge agora em série global.

Quem vê o empenho e a atuação de Alice Wegmann na supersérie Onde Nascem Os Fortes, exibida pela Rede Globo, nem imagina que na infância seu sonho era ser ginasta e não atriz. Nascida no Rio de Janeiro em novembro de 1995, a moça sempre foi influenciada a seguir pelos caminhos do esporte. Filha de professora de Educação Física e jogador de tênis, conheceu a ginástica olímpica ainda muito nova, com apenas 3 anos. “Fui criada em uma família de gente que se exercitava, então já fiz um pouco de tudo, mas essa foi minha grande paixão”, conta.

Desde pequena, Alice sempre foi muito atarefada – não que isso a incomodasse. Muito pelo contrário. Foi nessa época que aprendeu a administrar seu tempo, que hoje é tarefa essencial na rotina corrida, mas nunca deixou que isso atrapalhasse seus treinos de ginástica. Aliás, foi exatamente em um deles que um diretor da Globo – que assistia ao treino – a convidou para participar do teste que selecionaria o elenco de uma novela produzida pela emissora. Para a surpresa de todos, Alice não passou. Apesar da notícia ruim, não se abalou e decidiu estudar teatro, ainda que não houvesse intenção de seguir profissão. Encarava a atuação como hobby. Foi quando entrou para a escola O Tablado e cursou dramaturgia durante quatro anos.

E mais uma vez a oportunidade de se tornar atriz profissional cruzou o caminho de Alice. Era destino. Certo dia, a diretora Lygia Bojunga encantou-se pelo talento da garota, que na época tinha 11 anos, e a convidou para participar do espetáculo infantil A Casa da Madrinha, com adaptação de Susana Garcia e Herson Capri. Esse seria o início de uma carreira marcada por esforço, dedicação e, consequentemente, sucesso. Mal sabia ela que conquistaria, ao longo dos anos, milhões de admiradores, ainda que este não fosse seu objetivo.

Aos 15 anos migrou dos palcos para a televisão dando vida à personagem Andrea, em Malhação, novela teen mais prestigiada do País e exibida pela Globo. “Foi mais do que uma escola, uma das fases que mais cresci, da qual tenho muito orgulho e apreço. Vivi dias de grande felicidade com os colegas de lá”, relembra. Logo depois, ainda na emissora, interpretou a tenista Sofia – teve oportunidade de mostrar suas habilidades esportivas, conquistadas na infância –, em A Vida da Gente e, somente nesse momento, percebeu que gostaria de trabalhar como atriz. “Estou sempre aberta para conhecer, experimentar e aprender. Acho que esse é o segredo”, explica.

Determinada a se arriscar na carreira, voltou em 2012 à Malhação, desta vez como protagonista, na pele de Lia Martins. No mesmo ano integrou o elenco da comédia romântica Conto de Verão, de Domingos de Oliveira e direção de Bia de Oliveira, interpretando Bárbara. Dois anos mais tarde estreou no horário nobre, com a vilã Shirley e fez Diana em seu primeiro filme, Tamo Junto, de Matheus Souza. A novela Boogie Oogie também deu espaço para Alice mostrar seu talento, com o papel de Daniele. Em 2016 fez Cecília na minissérie Ligações Perigosas ao lado de Selton Mello. Ela confessa que foi uma das personagens que mais marcaram sua carreira. “Gostei muito dela e agora de Maria.” Foi uma espécie de estágio pelo que estaria por vir.

ESPECIAL

Maria, de Onde Nascem Os Fortes, talvez seja a personagem mais desafiadora interpretada por Alice. Desde o convite para protagonizar a série até efetivamente o início das gravações. Esse intervalo de tempo durou apenas dois dias. No ano passado ela recebeu, num sábado à noite, uma ligação do diretor José Luiz Villamarim. Ele queria que Alice viajasse para a Paraíba, onde seriam feitas as filmagens, para viver Maria. Sem hesitar aceitou o convite e, na segunda-feira seguinte, já estava no set de gravação. “Não tive nenhuma preparação, cheguei aos 45 do segundo tempo, no susto”, brinca. A atriz também estava prestes a terminar sua faculdade de Comunicação, mas precisou adiar a formatura.

A trama, que se passa no sertão da Paraíba, gira em torno do desaparecimento do irmão gêmeo de Maria, Nonato (Marco Pigossi). O rapaz sumiu após 'dar em cima' de Joana (Maeve Jinkings), amante de Pedro Gouveia (Alexandre Nero), considerado o Rei do Sertão. Para encontrar o irmão, Maria descobriu outro lado de sua personalidade e transformou-se em uma pessoa que nem mesmo ela conhecia. Outro momento marcante na vida da personagem foi a tentativa de estupro cometida por Jurandir (Rodrigo Garcia). A cena forte – ela confessa que chegou a passar mal depois de gravá-la – comoveu os telespectadores e rendeu comentários positivos sobre a atuação de Alice. “A Maria é muito intensa e impulsiva e exigiu muito de mim, em todas as camadas. Me desgastei bastante, mas com vontade. Me apaixonei por essa história e quis contá-la da forma mais verdadeira possível. Apesar de tudo ela é corajosa, tem força e garra.”

A atriz ainda acrescenta: “Fazer arte é uma maneira de canalizar toda intensidade que há em mim. É a forma que temos de tocar os outros por meio do que sentimentos, de externar e causar impacto”. Parece que Alice cumpriu sua missão e encantou a todos. “Tenho tido ótimas respostas dos fãs e esse retorno me deixa muito feliz.” Após o fim da série, Alice pretende voltar aos palcos e já adianta, sem entrar em detalhes, que tem muitos projetos em mente. E, por conta da força de 'Maria', já é cotada para ser protagonista da novela das 21h, que tem o título provisório de Troia e deve estrear em 2019.




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