Compartilhe:
Marcela Munhoz
Gene Kelly tinha 40 anos quando dirigiu e interpretou o papel que o deixou mais conhecido no mundo em 1952: Don Lockwood. Jarbas Homem de Mello tem sete anos a mais, porém não deixa a desejar em nada no talento. Agora é a vez do brasileiro – que considera Kelly grande herói – mostrar suas habilidades até debaixo d’água, literalmente. Ao lado de Claudia Raia, Bruna Guerin e Rener Tenente, o ator dá vida à versão para palco de um dos maiores clássicos musicais do cinema de todos os tempos. Cantando na Chuva estreia sábado e segue até 26 de novembro no Teatro Santander, em São Paulo.
“É mais um sonho realizado. Estou tendo a chance de brincar de ser Gene Kelly”, disse Homem de Mello ontem, durante manhã de apresentações especiais à imprensa. A oportunidade foi ‘criada’ por ele, Claudia Raia e Stephanie Mayorkis, que compraram os direitos de produção após assistir à versão londrina da história em 2012. “É um espetáculo que transforma as pessoas. A expectativa acaba sendo enorme, então acertar em cheio é difícil”, admite Claudia, no papel da hilária Lina (Jean Hageh, no original). “É uma mulher deslumbrante, mas quando abre a boca é um desastre. O desafio foi treinar para cantar e dançar muito mal”. O que, segundo o diretor musical Carlos Bauzys, exige “domínio vocal absoluto”.
Pelas três cenas apresentadas aos jornalistas, já deu para perceber que o trio é bom de mira. Para começar, os 30 atores e 14 músicos que fazem duas horas e meia de espetáculo foram acertadamente escolhidos. Afinal, não é fácil achar gente que canta, dança, interpreta e sapateia. E não é qualquer sapateadinho não. Eles não ousariam reviver gênios do tap dance como Gene Kelly, Donald O’Connor, Debbie Reynolds e Jean Hagen se não tivessem se preparado. “Sapateado é dança para ouvir, música para se ver. Os movimentos devem vir de forma inteira e a favor da cena. Precisa dialogar com a música, com a orquestra”, explica a coreógrafa e sapateadora profissional Chris Matallo.
Se sapatear no seco já é para poucos, imagina então apresentar belo número com uma chuva torrencial. A própria Claudia Raia ressalta: “A chuva é o quinto protagonista”. E é mesmo. Além da cena clássica com Don dançando na tempestade (para o filme foi rodada durante um dia inteiro com o protagonista doente), ver os atores e bailarinos radiantes nas capas de chuvas amarelas, segurando seus enormes guarda-chuvas, cantando e sapateando como se não houvesse amanhã em cima de um palco dentro de um teatro coberto é sublime. Empresa britânica especializada no assunto foi especialmente contratada para montar toda a estrutura, que conta com palco que mais parece um deque, para que a água seja escoada. Além disso, estão sendo utilizados 8.000 litros de água, armazenados e reciclados para serem aproveitados na próxima apresentação. As roupas e sapatos? São todos feitos especialmente para a montagem e devidamente impermeabilizados.
Mas os desafios não param por ai. “Piadas e falas foram adequadas, abrasileiradas para a nossa realidade. E mais: como transformar Singing in The Rain em letra para ser cantada em português?”, questiona Claudia. O resultado pode ser visto a partir de sábado na Capital.
>Cantando na Chuva. Musical – Teatro Santander – Complexo do Shopping JK na Av. Juscelino Kubitschek, 2.041. em São Paulo. De 12 de agosto a 26 de novembro, com sessões às quintas (21h), sextas (21h), sábados (17h e 21h) e domingos (16h e 20h). Os ingressos variam de R$ 25 a R$ 260 e podem ser comprados nos www.ingressorapido.com.br e www.entretix.com.br.
Diário do Grande ABC. Copyright © 1991- 2024. Todos os direitos reservados