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Marcela Munhoz
Mal dá para sentir o peso daquele serzinho de tão delicado. Os olhos transmitem um amor que é difícil comparar. A responsabilidade, enorme, divide espaço com a sensação gostosa pela fase cheia de alegria que está começando. O dia da chegada de um animal de estimação é inesquecível e, claro, pelos anos que se seguem ninguém pensa no dia da despedida. Mas ele chega e, sem rodeios: é devastador.
Perder o companheiro é como perder alguém da família. A dor é intensa e a saudade, eterna. A diferença do luto em relação aos animais é que existe muita gente que acha besteira sentir tamanha tristeza pela perda de bichinho. Tentar ajudar, dizendo: “Arranja outro”, aliás, pode atrapalhar. O tempo deve ser respeitado. “O que se pode fazer é ouvir a pessoa, deixar que expresse seus sentimentos”, ensina a psicóloga Raísa Duquia Giumelli.
Luisa Mell, ativista da causa animal, está passando pelo luto. Ela acaba de se despedir de Marley. “Viajei e a volta foi terrível. A melhor hora era quando chegava em casa e era recebida por lambidas e por rabos abanando. Minha dica é ame, abrace, encha de beijos seus amigos peludos enquanto eles estão do seu lado”, escreveu nas redes sociais.
LENNON
Luiz Galeazzo, 45, publicitário de São Bernardo, convive com animais desde os 2 anos, sempre gostou de cuidar dos abandonados e optou por morar longe do trabalho para poder oferecer casa construída especialmente para seus cães. Lennon era um deles. Aos 9 anos, o cãozinho perdeu a batalha para um câncer agressivo. “A sensação é horrível, porque aquela criatura está contando com você até o último momento dela. É triste, mas creio que a alegria que eles dão para a gente, o amor, o companheirismo e as lições são maiores”, diz o publicitário, cuja carta para Deus foi bastante compartilhada na internet. Leia trecho dela:
“Deus,
Não sei se o Senhor tem Facebook, se tem tempo livre para ler textos, ou se ao menos sabe que existo. Mas queria falar sobre meu cachorro, o Lennon. Ele é esse cão majestoso, sorridente e bonito aí da foto (abaixo) (...). O Lennon levou a sério sua vocação de cão pastor. Ele cuidou de mim, me guiou, me protegeu. Ficou ao meu lado, alerta e forte, mesmo quando ninguém mais queria. Eu era o rebanho mais precioso para ele?(...). Dançava, se jogava e rolava no chão, fazia papel de bobo mesmo sendo um dos seres mais inteligentes que já conheci (...). Não tem como você não se sentir especial ao ser amado por criatura tão linda e pura (...).
Estou falando tudo isso, Deus, porque hoje o câncer o levou de mim (...). Tentei tranquilizá-lo, falando em seu ouvido o quanto eu o amava e como nunca iria deixá-lo. Fui forte por ele, como tantas vezes ele foi por mim (...). Ele já deve estar chegando. Peço que brinque com ele, role na grama, corra, cante musiquinhas bobas, tire selfies e coce a barriga dele (...).
Por favor, cuide bem do meu cãozinho, até chegar o momento de nos encontrarmos. Para que eu seja merecedor disso, vou me esforçar em ser um bom homem. E me inspirar no Lennon. Afinal, ele foi um bom menino.”
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