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Vinícius Castelli
Desde pequena Denise Zinetti já arriscava alguns traços. Desenhava ‘aqui e ali’, imaginava coisas, situações. Já sentia uma veia artística, tanto que criava até os próprios brinquedos com o que encontrasse pela frente, de sabão em pedra, barro, caixas, embalagens até arame. Mas foi mesmo na vida adulta que passou a se dedicar às artes plásticas. Agora, aos 42 anos, a artista de São Paulo faz sua estreia na região com a mostra Fragmentos: Dissoluções Efêmeras que toma conta do Gambalaia Espaço de Artes e Convivência e fica em cartaz até dia 30 de julho. A visitação é gratuita.
Professora no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e com mais de duas décadas de experiência em design gráfico, Denise apresenta na exposição 28 trabalhos – todos estão à venda –, que se misturam entre pinturas e desenhos, repletos de sensações. As imagens, que vão do figurativo à abstração, retratam algo inacabado, para se concretizar ainda. Sempre há rostos, corpo humano ou parte dele. Detalhes. Animais, como pássaros, também são referência.
Entre óleo sobre tela e aquarelas, Denise foi além e experimentou. Tanto que usou massa por cima da tinta “e o desenho se formava à medida em que eu ia removendo que eu achava que não estava bom, ou o que eu vi que não formava nada”, explica.
A artista conta que a inspiração para as obras – todas novas, à exceção de uma ou duas que datam de 2015 – é ela própria, sua existência. “Acredito que o trabalho do artista é uma metáfora da sua própria vida. Nessa mostra existe reflexão sobre a morte, a perda, e também a transformação das dores em algo que sublima e transcende a própria vida terrena”, explica.
Ela confessa que há ainda outra reflexão, que revela o ser humano com seus desejos, prazeres, anseios, equívocos, defeitos e explosões. A sugestão é debater a construção e desconstrução do ser humano. Em suas peças há um nível de abstração, mas o que aparecem são figuras. “Eu diria que são figuras abstraídas. Quer dizer, imagens que saem do contexto do real e ainda assim são figurativas, portanto distorcidas, mas que nos contam mais do que aquilo que se vê de imediato.”
Segundo Denise, é preciso contemplar por um tempo as peças para saber o que cada trabalho tem a dizer. “Atualmente nós estamos muito imediatistas e esperando que algo nos venha pronto. Volto à questão de onde a pintura e também o desenho nunca deveriam ter saído: É preciso ter tempo para contemplar”, afirma.
>Fragmentos: dissoluções efêmeras – Exposição. No Gambalaia Espaço de Artes e Convivência – Rua das Monções, 1.018. Santo André. Até dia 30 de julho. Entrada gratuita.
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