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Vinícius Castelli
O tempo parece ter feito bem para a cantora e compositora neozelandesa Lorde. Não que ela precisasse desse afastamento do estúdio para apresentar algo de qualidade ao público, mas após quatro anos desde o lançamento de seu disco de estreia, Pure Heroin – de onde saiu o hit Royals – ela coloca nas prateleiras e plataformas de streaming Melodrama (Universal Music, R$ 29, 90, em média) e parece ainda mais vibrante e madura do que antes.
O novo disco, muito esperado pelos fãs da compositora, ganha vida ilustrado por 11 canções e passa longe de decepcionar. Muitos artistas explodem no primeiro trabalho e se arrastam vagarosamente depois disso. Mas Lorde é brilhante e isso fica claro já no single Green Light, que abre o passeio sonoro falando sobre libertação.
Distante de clichês sonoros e pasteurizados em que não se sabe sequer como é de fato a voz da artista – algo corriqueiro ultimamente –, Lorde abusa da sensualidade de suas cordas vocais em temas como Sober, canção que fala em como encarar a realidade depois de experimentar algo que não é ditado pelos padrões da sociedade.
A artista trata de diversos assuntos que, se fosse feito de forma corriqueira, soariam forçados. É claro que amor faz parte. Mas de forma inteligente a artista de 20 anos vai além e propõe reflexão acerca de nova etapa da vida. Diversos sentimentos podem ser experimentados no disco, de passagens de raiva a momentos intimistas. Enquanto Liability é repleta de delicadeza, Homemade Dynamite convida a dançar e a esquecer de tudo, mas longe de ser enlatada.
Sintetizadores harmonizam a obra, que conta ainda com guitarras, piano, bateria eletrônica e diversos outros aparatos sonoros, todos usados com consciência e bom gosto. O disco tem o dedo de Jack Antonoff, ao lado da cantora.Melodrama é pop, autoral, inteligente na medida certa.
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