Sexualidade por Toulouse-Lautrec

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Vinícius Castelli

 Traços que transmitem emoção e expressões. Tudo com muito movimento. Onde muitos não viam nada de belo e interessante, Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901) enxergava além e retratava beleza. Artista francês que viveu 36 anos apenas, o pintor e litógrafo largou aos 18 a vida de luxo que tinha junto da família aristocrática e mergulhou na boemia do bairro parisiense de Montmartre, até hoje reduto de artistas. Lá retratou cabarés, burgueses, boêmios, prostitutas, dançarinos, artistas e mais: expressões.

Boa parte do que produziu o francês poderá ser vista bem de perto com a mostra Toulouse-Lautrec em Vermelho, que toma conta do Masp, em São Paulo, a partir de sexta-feira ao dia 1º de outubro. Os bilhetes custam R$ 15 e R$ 30. Às terças-feiras a entrada é gratuita.

A mostra, a maior dedicada à obra do artista já realizada no Brasil, será ilustrada por 75 obras, entre pinturas, cartazes e gravuras, todas em torno do tema sexualidade. Algumas são do acervo do Masp. Outras, empréstimos de coleções particulares e de locais como Musée d’Orsay (Paris), Tate e Victoria & Albert Museum (Londres), The Art Institute of Chicago, National Gallery of Art (Washington) e Museo Thyssen-Bornemisza (Madri).

Apresentações em cabarés, danças em bares, figuras importantes da sociedade e bailes de máscaras estão representados nas peças do artista em São Paulo. Mariana Leme, assistente de pesquisa do Masp, explica que há uma abordagem complexa da sociedade em suas várias facetas nas obras do francês. “Ele conviveu com nobres (sua família), burgueses e uma gama de pessoas da classe trabalhadora, que eram seus amigos.”

Segundo ela, talvez por Toulouse-Lautrec conhecer de perto os vários estratos da sociedade, conseguiu não se apegar aos estereótipos em seus trabalhos sociais. Toda a profusão de personagens, de burgueses a trabalhadores, “é retratada com carga de delicadeza e humanidade. Eles são sempre singulares”, diz.

Daí, encontra-se mais do que lugares de divertimento das pessoas, mas, como explica a pesquisadora, há também lavadeiras, garçonetes, donas de bar e dançarinas – mulheres que exigiam seu direito de independência e de desfrutar da cidade.

Entre as obras que podem ser vistas está Moulin de La Galette (No Moinho da Galette), um salão de dança parisiense de Montmartre que já havia sido retratado por Renoir e Van Gogh. Mas com Toulouse-Lautrec o local ganha nova visão, com recorte profundo do comportamento social.

“Esta pintura, feita em 1899, quando o artista tinha apenas 25 anos, foi um grande sucesso e consolidou seu prestígio como o grande cronista da noite”, explica Mariana. A peça O Divã, da coleção do museu de São Paulo, é uma obra central para a exposição e um dos destaques da mostra.

Além de pinturas e gravuras, Toulouse-Lautrec em Vermelho apresenta cerca de 50 documentos da época, entre cartas, bilhetes, telegramas e fotografias do artista e de seu círculo de amigos. A pesquisadora conta que uma exposição como essa – cujo artista conta com obras espalhadas por todo o mundo – envolve muitas pessoas, planejamento e cuidados.

“As obras de Toulouse-Lautrec estão espalhadas por muitas instituições ao redor do mundo e também em coleções privadas. Fizemos pesquisas, selecionamos as peças que seriam interessantes para a exposição e enviamos pedidos formais”, explica.

Algumas instituições negaram o empréstimo, principalmente por conta da condição frágil das obras, sendo que uma viagem longa poderia danificá-las. “Tivemos o cuidado de mandar cartas detalhadas explicando o conceito da exposição e a razão pela qual gostaríamos de ter cada uma das obras na exposição.”

Mesmo quem pense não conhecer o que fez Tolouse-Lautrec tem grande chance de já ter passado os olhos em alguma de suas obras. “Talvez, mesmo sem associar imediatamente ao nome do artista, muitas pessoas se lembram de seus cartazes, como Moulin Rouge(La Goulue) e Troupe de Mlle Églantine, que estarão na exposição e que fazem um enorme sucesso há mais de 100 anos”, diz Mariana.

>Toulouse-Lautrec em Vermelho – Exposição. No Masp – Avenida Paulista, 1.578. São Paulo. Tel.: 3149-5959. De sexta-feira a 1º de outubro. Terça a domingo: das 10h às 18h; quinta-feira: das 10h às 20h. Ingr.: R$ 15 e R$ 30. Grátis às terças-feiras.




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