Música cruzando fronteiras

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Vinícius Castelli<br>Do Diário do Grande ABC

 Entre a natação, ginástica olímpica e o inglês, aulas de piano também surgiram na vida de Regiane Yamaguchi. Isso quando tinha 6 anos. Nem imaginava que o instrumento musical seria seu companheiro dali em diante. Mas a arte passou a fazer parte de sua história um pouco antes. “A música erudita entrou na minha vida quando minha mãe estava grávida de mim e meu pai trabalhava no turno da madrugada. Ela ficava com muito medo sozinha em casa e a única coisa que a acalmava era ficar ouvindo música clássica no rádio”, conta a pianista.
Nascida em São Bernardo, hoje, aos 40, ela tem uma tarefa de dar orgulho. Regiane se apresenta sexta-feira no palco de uma das mais respeitadas casas de arte do mundo, o Carnegie Hall, em Nova York, ao lado do Côro de Câmara de Campina Grande, da Paraíba.
Sob regência do maestro Vladimir Silva, o grupo fará a estreia mundial de uma obra que, na verdade, acaba de comemorar duas décadas, que é A Missa de Alcaçus, de Danilo Guanais. “É uma obra lindíssima e interessantíssima”, diz ela.
“É maravilhoso poder apresentar nossa música erudita, brasileira e muito boa, um presente para a gente em tempos tão conturbados. É uma música de muita autenticidade. Danilo Guanais a insere no contexto erudito de forma magistral que agrada a leigos e conhecedores. Faz o contraponto de Bach dançar com o baião, insere cantigas do interior do Rio Grande do Norte em uma estrutura de missa tão consagrada na história da música”, explica.
A apresentação de Regiane em Nova York é resultado de muita dedicação, além de carreira e estudo extensos. Ex-aluna da Fundação das Artes de São Caetano, Regiane passou também pela Unicamp e viveu na Alemanha. “Depois fui para os Estados Unidos, onde fui agraciada com uma bolsa total da universidade norte-americana para fazer mestrado e segui para estudar em uma das melhores escolas de música do mundo, Cleveland Institute of Music, onde fiz o doutorado com financiamento da Capes/Fulbright”, conta. Hoje divide residência entre Natal (RN) e Campina Grande (PB), onde trabalha como professora da Universidade Federal do local.
Imersa em ensaios intensos, a pianista revela que a emoção de tocar no Carnegie Hall é enorme, e já não dorme há quase um mês. Ela conta que seu caminho na música erudita foi – e tem sido – cheio de oportunidades. Mérito também da luta e apoio de seus pais e avós. “Sou muito ‘famosa’ e bem- sucedida nesse meio tão diferente da música comercial, onde pouquíssimos ficam ricos e realmente famosos. É um meio no qual a gente faz por amor e por saber o valor que tem essa música tão sistematicamente construída sem perder a beleza sobre as almas e o intelecto das pessoas”, encerra.




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