Livro para que te quero

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Miriam Gimenes

“A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.” A frase, do ensaísta francês André Maurois – pseudônimo de Emile Herzog (1884-1967) –, sintetiza a ideia da biblioterapia, prática que, ao invés de remédios, prescreve materiais de leitura como função terapêutica.
 
É justamente para discutir isso que a psicóloga e biblioterapeuta Cristiana Seixas fará na sexta-feira, às 14h30, o 1º Fórum Liga da Biblioterapia, na Casa de Livros, em São Paulo. A prática, ainda pouco difundida no Brasil, pode salvar vidas. “A Inglaterra é o país que mais incorporou a biblioterapia. Teve um pesquisador que conseguiu comprovar que prescrever livros substituia antidepressivos. Isso motivou o governo a adotar a biblioterapia como política de saúde”, explica Cristiana. Por lá, o método é aplicado não só com os pacientes de consultórios, como com a população de presos, no asilo, orfanatos e também com os moradores de rua.
 
No seu consultório, que fica no Rio de Janeiro, ela tanto aplica com os pacientes individualmente como também em rodas de leitura. “A biblioterapia é transdisciplinar. Não ajuda só do campo da psicologia, na saúde, na biblioteconomia. Nesses anos que venho trabalhando com isso, o que eu percebo é que é um exercício político. A gente exerce essa liberdade de colocar nossa voz, de ampliar o repertório, a nossa leitura de mundo”, acredita.
Dona de um acervo de incontáveis autores, Cristiana diz que os trechos são lidos em consultas ou as publicações são emprestadas semanalmente, de acordo com as necessidades do paciente. Ela diz que a ideia é fazer uma degustação, de modo que a pessoa forme seu próprio acervo de cura.
 
Entre os autores utilizados ‘na receita’ estão desde Clarice Lispector até Dostoiévski. “Tem certos livros que provocam efeito tsunâmico para uma pessoa e para outras nada. Pesco as necessidades do paciente de acordo com suas linguagens. Na verdade, todo mundo está empobrecido de repertório, só escuta as mesmas palavras. Isso vai minando a capacidade de sonhar e pode levar a quadros como o de depressão, por exemplo.” Nestes casos, nada como um trecho de uma ‘especialista’ em depressão, como Clarice, para se entender e encontrar um caminho de saída.
 

Liga da Biblioterapia – Fórum. Casa de Livros – Rua Capitão Otávio Machado, 259 – Chácara Santo Antônio. São Paulo. Dia 26, das 14h30 às 17h30. Inscrições: R$ 50 e devem ser feitas pelo e-mail cristianaseixass@gmail.com. 




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