Por trás das câmeras

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Vanessa Soares

Quando se vê um apresentador do outro lado da tela, cria-se a ilusão de que aquilo que está diante dos olhos é o que a pessoa é. Mas, na verdade, é apenas um resumo, uma parte de um todo que se completa longe das câmeras. Reinaldo Gottino é um desses apresentadores que, ao longo dos anos, vêm conquistando espaço na televisão e ganhando o coração dos telespectadores. Com seu jeito descontraído, passeia com facilidade por diversas vertentes do jornalismo e, há vários meses, tem tirado o sono de seus concorrentes com o Balanço Geral, da Record, sucesso absoluto no horário e líder de audiência há mais de um ano. Mas como ser humano, vai muito além do apresentador que se vê todos os dias. Prestes a completar 40 anos (ela faz aniversário em 7 de julho), o jornalista se diz uma pessoa comum. Casado, pai de dois filhos – Rafael e Giovana –, encontra na família o apoio necessário para seguir adiante na carreira e continuar fazendo aquilo que nasceu para fazer: jornalismo.

Paulistano, ele nasceu na Vila Prudente, onde teve uma infância tranquila. A paixão pelo rádio cresceu com Gottino, quando se reunia com amigos da rua para ouvir transmissão de jogos. “Gostava muito de futebol. E eu e os amigos na rua ligávamos para as rádios só para os narradores falarem o nosso nome na hora da partida. Uma vez, o Osmar Santos falou meu nome e foi uma emoção na rua”, relembra.

Aos 15 anos teve a chance de transformar o fascínio em profissão e aí não teve mais volta. “A amiga da minha irmã foi trabalhar na rádio e ficou sabendo da minha paixão. Ela falou ‘poxa, vou arrumar para ele lá de fim de semana atender o telefone’. Eu era office boy no banco e de fim de semana eu ia até a Rádio Imprensa”, conta. Até o dia em que, na ausência de um locutor, entrou no ar para cumprir um compromisso comercial e foi contratado para ser locutor.

Se formou em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Quando terminou o curso saiu da Rádio Imprensa e foi em busca de realizar o sonho de trabalhar na rádio CBN, que, na época, era a única FM de notícia. “Lembro até hoje. O diretor da rádio, que ainda é meu amigo, estava lá e falei para ele: ‘Vim trazer minha ‘fitinha’’. E ele respondeu: ‘Te conheço, já te ouvi’. Ele já conhecia um pouquinho do meu trabalho e me contratou para ser âncora.”

A profissão lhe permitiu realizar diversos outros sonhos, como o de conhecer e se tornar amigo do ídolo responsável por seu amor pelo rádio. “Teve uma festa e eu vi o Osmar Santos pessoalmente. Fui conversar com ele, falar que era seu fã, que ligava na rádio para ele falar meu nome. E aí ele virou para mim e disse: ‘Eu que sou seu fã. Te ouço todos os dias’. Nos tornamos grandes amigos. Somos até hoje. Ele frequenta minha casa, vai almoçar comigo na Record. A gente está sempre junto, então foi um grande presente que eu ganhei. Ser amigo de um cara que eu ligava na rádio”, conta.

A carreira na televisão surgiu meio que por acaso. “Me aconselharam ir para a televisão porque na rádio paga pouco”, diverte-se. Quando a oportunidade apareceu, abraçou a chance e foi para TV Gazeta trabalhar com esporte. Após um tempo, recebeu convite para fazer um teste na Record, onde está há 12 anos. “A televisão aberta é uma guerra, uma competição. Hoje nós fomos lá e ganhamos. O programa foi um sucesso. Ficamos em primeiro lugar. Então, acaba e já estamos pensando na edição de amanhã, no ‘próximo jogo’. É uma coisa meio viciante”, explica.

No comando do Balanço Geral, desde 2014, juntamente com os comentaristas Fabíola Reipert e Renato Lombardi, acredita ter chegado a um formato que agrada o público. Além disso, coloca a concorrência para trabalhar. “O formato foi se moldando naturalmente. Quando assumi o programa tinha uma característica. O grande segredo foi a Record ter dado um tempo para a gente descobrir o que o público queria”, afirma. E apesar de longo período na atração, não pretende sair de lá tão cedo, se depender dele. “Gosto muito do que faço neste momento. Não quero ter um programa de auditório. Não tenho esse interesse, mas não vou falar que não vou fazer”, acrescenta.

Engana-se quem pensa que o sucesso fez de Gottino uma pessoa diferente. Muito pelo contrário. “A minha relação com o público só melhorou. Agora, pedem para tirar foto, dar autógrafo. Acho legal. A gente busca tanto isso e quando acontece a gente tem que valorizar.”

Cristão, convicto de sua fé, acredita que é um ser humano melhor por isso. “Acho que me faz alguém melhor porque sigo a Cristo e Cristo é um cara que veio trazer coisas boas. Preciso respeitar as opções, as escolhas das pessoas em tudo. Porque tem gente que não acredita em Deus, mas são boas. E tem os que acreditam em Deus e não são pessoas boas”, finaliza.




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