São 70 anos de labuta

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Miriam Gimenes

 Lívio Abramo (1903-1992) se comunicava com a ponta dos dedos. Não que ele usasse da linguagem dos sinais, mas ‘falava’ com a sua arte singular. “Não sou absolutamente escravo da técnica, antes escravizo-me à minha fantasia, que é controladíssima”, dizia. E a obra do gravador, ilustrador e desenhista pode ser vista, a partir do dia 5 – até 12 de março –, na mostra Lívio Abramo: Insurgência e Lirismo, na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo.

Com 120 trabalhos, que fazem parte do acervo do ILA (Instituto Lívio Abramo) e de familiares, os visitantes poderão notar como a gravura tornou-se sua autêntica forma de expressão. A exposição, que tem curadoria de Paulo Herkenhoff, reúne linoleogravuras, xilogravuras, litogravuras, aquarelas, grafites e nanq<CW-5>uins, além de matrizes em madeira, matrizes em linóleo, clichês de metal, croquis, estudos e provas do artista, reunindo uma produção de quase 70 anos de trabalho.

Nascido em Araraquara (São Paulo) em 1903, Abramo foi muito influenciado pela fase antropofágica de Tarsila do Amaral. Premiado como o melhor gravador nacional na 2ª Bienal Internacional de São Paulo em 1953, deu aulas de xilogravura na Escola de Artesanato do Mam (Museu de Arte Moderna de São Paulo), fundou com Maria Bonomi o Estúdio Gravura em 1960 e foi convidado pelo Itamaraty a integrar, em 1962, uma missão cultural no Paraguai, onde fundou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico daquele país.

Essa mostra tem como objetivo rever a obra, valorizando Abramo – que sempre foi moderno e meticuloso com a sua produção artística – não apenas como pioneiro da xilogravura no Brasil, mas como um artista vigoroso, que dialoga com os movimentos sociais e artísticos do século 20, criando soluções formais inovadoras para responder às angústias de um homem e artista dentro do contexto histórico e social em que ele viveu.

Além de obras físicas, a mostra tem também um programa educativo, composto de mesas de debates, palestras, cursos de formação e exibição de documentário inédito, que mostra o processo de trabalho do xilogravurista Rubem Grilo, que usou matrizes de oito obras de Abramo para reimpressões, que farão parte da exposição.

Ao lado de Grilo e do curador Paulo Herkenhoff, o documentário Lívio Abramo: o Profundo Mistério dos Horizontes Inacabados inclui depoimentos de Frederico de Morais e Ferreira Gullar.

>Lívio Abramo: Exposição. Biblioteca Mário de Andrade (Rua da Consolação, 94). De 5 de janeiro a 12 de março de 2017. Horário de visitação: 24 horas. Informações no site www.bma.sp.gov.br.




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