Acertando as contas com 'Deus'

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Marcela Munhoz

 Os dez mandamentos. Cristão ou não, todo mundo sabe repetir um ou outro item do conjunto de leis que, segundo a Bíblia, teria sido originalmente escrito por Deus em tábuas de pedra e entregues ao profeta Moisés, como um ‘padrão de julgamento’ dos homens. Não usará teu santo nome em vão, honrarás teu pai e tua mãe, não matarás são alguns dos conselhos sagrados. Mas e se Deus se cansasse de tudo isso e resolvesse criar novíssimos dez mandamentos? Para alguns, seria um sacrilégio. Para outros, resultaria em interessante texto de peça de teatro. Alguém pensou na segunda opção. God – adaptação do original An Act of God da Broadway, com o ator Jim Parsons – está em cartaz até fevereiro na Capital.

Por aqui, no papel do ser onipresente, onisciente e onipotente está o ator Miguel Falabella, que também assina a versão brasileira e a direção. Logo no começo da comédia, Deus explica que precisa de um corpitcho humano para tentar transmitir aos habitantes da Terra suas novas ideias e Ele acaba caindo sem querer no Brasil, onde dá de cara com aquele homem loiro, alto, de olhos azuis. “Precisava de alguém com um carisma avassalador, uma personalidade magnética e um sorriso cativante”, justifica.

Enfiado em um terno branco bem cortado, o protagonista divino senta no seu sofá de couro para ter um papo sério com a plateia, de Deus para humanos. Na companhia de seus fieis escudeiros, e parceiros de baladas celestes, os anjos Miguel (Magno Bandarz) e Gabriel (Elder Gattely), ‘Deus Miguel’ relata os motivos que o levaram a mudar, digamos, um pouquinho os dez mandamentos. Para isso, saca do bolso a Bíblia em versão iPad.

Em resumo, Ele confessa não suportar ser chamado a toda hora com pedidos fúteis, especialmente os vindos de políticos, – “Tem ideia de quantos Pai Nosso ouço a cada segundo?”, questiona, manteve o item que não permite usar seu santo nome em vão, com destaques para as músicas (Mara Maravilha não vai dar um curtir nesta parte), e colocou na lista repaginada os itens Honrarás teus filhos, Separar-me-ás do Estado e Não me dirás o que devo fazer – todos peculiarmente muito bem explicados e fundamentados.

Deus diz que gosta de dar uma movimentada no planeta de vez em quando com uns terremotinhos aqui, uns furacõezinhos ali e revela que já fez as pazes com o Sasá (Satanás), mas que não consegue visitá-lo muitas vezes por conta do calor extremo que faz onde o colega mora. Entre uma piada e outra – é espetáculo realmente engraçado, embora muita gente vai achá-lo ‘religiosamente’ incorreto – Deus vai levando os fiéis a refletirem sobre como estão tratando sua relação com a fé, como estão conduzindo as suas próprias existências e, especialmente, o fim que estão dando para o planeta Terra, criado com tanta perfeição pelo ser divino, Ele próprio.

>God – Teatro – No Procópio Ferreira. Rua Augusta, 2.823, em São Paulo. Sextas, às 21h; sábados, às 18h e às 21h; e domingos, às 18h. Temporada até 18 de dezembro e, depois, de 6 de janeiro a 19 de fevereiro. Ingr.: de R$ 90 a R$150. Vendas nas bilheterias, telefone (4003-1212) ou pelo www.ingressorapido.com.br.




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