Prazeres suficientes para preencher os cinco sentidos

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Evaldo Novelini

Evidentemente que Ilhabela não é o único, mas certamente é o destino mais próximo capaz de preencher com plenitude os cinco sentidos do turista. Localizada no Litoral Norte, a 193,5 quilômetros de Santo André ou a quatro horas e 20 minutos de carro do Grande ABC, a cidade paulista extasia audição, olfato, paladar, tato e visão. 

A começar pela vista. Ilhabela, que na verdade é um arquipélago de 15 ilhas, não recebeu o nome por acaso. Com praias de areia branca e águas cristalinas, que assumem tom esverdeado ao refletir as exuberantes espécies nativas da Mata Atlântica que cobre a maior parte de seu território, a paisagem é paradisíaca.

Ilhabela é, na maior parte do tempo, silenciosa. Um paraíso também para os ouvidos. A exceção é a alta temporada, de novembro a março, quando a população de 32.197 habitantes. de acordo com estatísticas de 2015 do IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), quintuplica.

Nos demais meses, o silêncio só é interrompido em circunstâncias especialíssimas. Como quando o turista visita os blocos de rocha vulcânica na praia da Garapocaia, onde as pedras ‘cantam’ – uma delas, quando se bate nela com outra pedra, emite o som de um sino. 

A tranquilidade também é quebrada por silvos ou grunhidos das 51 espécies de mamíferos(capivara, paca, cutia e macaco-prego e até jaguatirica) e 300 de aves, como tucanos, gaviões e papagaios.

Sob as águas do Atlântico, onde jazem carcaças de dezenas de navios naufragados desde 1721 (cinco deles podem ser explorados, com o acompanhamento de mergulhadores profissionais), mais vida. Mesmo o turista que não se dispuser à aventura subaquática pode, com os pés secos e um pouco de paciência, observar a dança das tartarugas marinhas sobre pedras submersas. Registros de tubarões e golfinhos mais exibidos são feitos pelos visitantes sortudos.

E os cheiros de Ilhabela? A maresia invade cada canto das ilhas, carregada pelos ventos úmidos, que se tornam mais frequentes no fim da tarde. À noite, quando árvores e cachoeiras parecem espalhar seus odores pelo ar, é possível sentir a natureza em toda a intensidade.

O tato talvez seja o único dos sentidos submetidos a experiências antagônicas em Ilhabela. Ao mesmo tempo em que o clima tropical litorâneo das ilhas ofereça temperatura média de 23ºC, ideal para o banho de mar,também favorece a proliferação de insetos. Minúsculos mosquitos chamados de borrachudos são a parte infernal do paraíso. Repelentes e pomadas antialérgicas devem fazer parte dos itens indispensáveis na bagagem.

Terra de bruxas e ETs, esses tímidos

Ilhabela é um lugar misterioso e esotérico. A maior parte dos caiçaras, como são chamados os nativos, coleciona histórias sobre fatos sobrenaturais que, juram, ocorrem no arquipélago. Ao turista despido de preconceitos, ouvir os causos é programa divertidíssimo.

Boa parte das praias de Ilhabela deve seu nome às lendas. Como a da Feiticeira. Por temer saque a tesouro que acumulara negociando escravos com piratas, senhora idosa decidiu enterrá-lo na floresta. Convocou alguns homens para a tarefa, assassinando-os em seguida para evitar testemunhos.

Os relatos mais extraordinários, todavia, mencionam frequentes visitas de seres extraterrestres. Dizem que, por sua grande ‘concentração magnética’,Ilhabela serve como uma espécie de posto de combustível para discos voadores.

Muitos moradores garantem ter visto um deles sobrevoando as ilhas. Ao turista cético, saca-se a justificativa: basta olhar para o céu. O repórter do Diário seguiu religiosamente o conselho nas noites em que permaneceu em Ilhabela, sem sucesso. Donde se conclui que ETs são extremamente tímidos e preferam se mostrar apenas a quem acredita neles.

O jornalista viajou a convite da Pousada do Fort e, de São Sebastião, da APHM (Associação de Pousadas e Hotéis de Maresias).




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