Yzalú é pura autenticidade

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Marcela Munhoz

O rap nervoso ao som das cordas suaves do violão e da voz de Luiza Yara, a Yzalú, é a verdadeira tradução da delicadeza que dá porrada na sociedade. A são-bernardense de 33 anos fala tudo no original Minha Bossa é Treta, primeiro disco da carreira que tem mais de 13 anos de história. Com 12 faixas, a rapper apresenta seu “filho”, como ela mesma chama, amanhã, a partir das 21h, no Sesc Santo André. “As pessoas verão de perto o resultado de um álbum que foi produzido por três anos. Investi dinheiro e trabalho para tornar realidade o sonho de um projeto em que pudesse imprimir meu verdadeiro eu”, conta ao Diário.

E o verdadeiro eu de Yzalú é poético. Minha Bossa é Treta – com tons de samba jazz, afrobeat e MPB – canta letras que reviram assuntos indigestos na sociedade, como a luta da mulher por um espaço e os preconceitos diversos. “O que vejo e o que vivo me trazem inspiração. O título que dá nome ao disco, por exemplo, aborda a questão da revista vexatória nos presídios brasileiros. A arte, como um todo, é serviço de utilidade pública. Não tem como fechar os olhos para o que acontece na periferia com as mulheres que lutam para criar os filhos. Elas são feministas até sem saber e ensinam, muito”, diz a artista, que cresceu no Jardim Telma, em São Bernardo. Mesmo com o tom pesado dos temas, Yzalú garante: “Tem música de amor também”. Neste quesito, merecem destaque Teu Sorriso e Deixo Ir.

Sobre misturar rap e violão, a cantora – que integrou o primeiro grupo de rap feminino de São Bernardo, Essência Black – explica: “Digo que meu trabalho dá mais melodia ao rap e a suavidade vem com o violão, mas deixo o público identificar. Afinal, o peso do rap continua ali.” Figura Difícil, um dos xodós da artista por ser do rapper Sabotage (morto em 2003), é exemplo. “Dei atenção aos elementos sem o peso da caixa do bumbo, presente no rap. Esta leveza foi pensada”, comenta Yzalú, que vai receber convidadas para o show de amanhã: Karol RC, ex-Realidade Cruel, Stefanie Roberta e a Cris SNJ. “O que os caras do rap já vêm colhendo nós ainda estamos plantando, por isso é importante chamar as mulheres para festejar. Estamos nos profissionalizando e provando que rap é mais do que rima”. Recado dado.

> Yzalú – Música. No Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302. Amanhã, às 21h, Ingr.: R$ 6, R$ 10 e R$ 20 (www.sescsp.org.br).




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