Mãos unidas por um propósito

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Daniela Pegoraro/Especial para o Diário

O ano de 1978 ficou marcado na história do Brasil por conta do movimento sindical, conhecido como novo sindicalismo, que teve início no Grande ABC e espalhou-se rapidamente por outras regiões. Desafiando a lei antigreve imposta pelo regime autoritário que, na época, comandava o País, os trabalhadores da montadora Scania decidiram, no dia 12 de maio, paralisar a produção em protesto ao baixo reajuste salarial imposto pelo governo. A greve instalou-se em outras categorias e foi fundamental para a ascensão da classe trabalhadora que, desde 1964, ano do golpe militar, era reprimida e silenciada pelos agentes da ditadura.

Os detalhes e desdobramentos desses fatos – até os dias atuais – foram reunidos no documentário Chão de Fábrica, com lançamento previsto para hoje, a partir das 19h, no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (Rua João Basso, 231), em São Bernardo. Ao término da exibição gratuita, o público poderá participar de debate com os diretores, convidados e sindicalistas.

Dirigido por Renato Tapajós e Hidalgo Romero, também autor do roteiro, o longa-metragem foi inspirado na série de nome homônimo, transmitida pela TVT (TV dos Trabalhadores) no ano passado. Os 13 episódios foram compilados em uma produção de 130 minutos.

“A série fez muito sucesso e recebemos diversos pedidos para exibí-la em sindicatos. Portanto, estruturei o projeto a partir do material bruto que tínhamos e percebi que em único filme era possível tornar a narrativa mais política em termo nacional e não apenas sindical”, explica Tapajós. Ele está imerso há décadas no cinema documental brasileiro, no qual produziu Linha de Montagem (1983), Trabalhadoras Metalúrgicas (1978), A Batalha da Maria Antônia (2013) e Corte Seco (2014), obras que abordam questões como ditadura militar, movimentos sociais, luta armada e sindicalismo.

O diretor diz ainda que a vontade de produzir Chão de Fábrica surgiu da necessidade de contar a verdadeira trajetória da classe trabalhadora no Brasil. “Desde o século passado eles tornaram-se protagonistas da história nacional, mas sempre foram, pela mídia das classes dominantes, relegados ao fundo de cena. Meu trabalho é mudar essa realidade.”

O filme será projetado também no Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em São Paulo, e na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). As datas ainda não foram definidas. 




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